*** por Paulo Fernandes para rockontro.org
Este texto é uma pequena homenagem à minha mãe, Maristela, que passou para outra dimensão de vida no dia 23 de julho de 2016.
MAMÃE CANTORA
Na segunda metade da década de 60, minha família – pai, mãe, irmão, irmã e eu – morou na cidade de Mesquita – RJ, na época distrito de Nova Iguaçu (a Big Apple da baixada fluminense!).
Meu pai era gerente de banco e não tinha horário certo de voltar para casa. Meus irmãos, já adolescentes, estudavam na sede municipal e ficavam fora de casa praticamente o dia inteiro. Eu, ainda criança, passava longos períodos sozinho com minha mãe. Ela era um superprocessador multitarefa: cuidava da casa nos mínimos detalhes e da família como uma galinha choca. Distribuía amor e broncas, e alguns tapas doídos, e ainda tinha tempo para cantar!
A hora em que minha mãe mais cantava era enquanto fazia o almoço. Como meu lugar de brincar era na área de serviço, eu escutava as canções que ela tirava da memória: clássicos de Noel Rosa, Braguinha, Lamartine Babo, Adoniran Barbosa,Ary Barroso, Lupicínio Rodrigues, etc. Tudo isso bem afinadinho! A estes gigantes do passado ele juntava coisas mais atuais: Roberto Carlos e Chico Buarque.
“A BANDA” DE CHICO BUARQUE
Chico Buarque escreveu A Banda em 1966. Foi um dos seus primeiros grandes sucessos, ainda mais que esta música ganhou o II Festival da Música Popular Brasileira da TV Record, e tocava sem parar no rádio. Minha mãe logo aprendeu a cantá-la e a executava com frequência em seus shows privados. A Banda é uma das 3 canções que me fizeram ser apaixonado por música desde a infância (as outras são Help dos Beatles e O Calhambeque do Roberto Carlos).
Muitos amigos, hoje, ficam surpresos quando eu tiro do baú versos de músicas das décadas de 40, 50 e 60. Eu sempre repito: “Aprendi com a minha mãe!”.
Obrigado, mãe, por tudo que você me ensinou de bom e pelas canções que você cantou para mim.