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Técnica busca a restauração da harmonia por meio da busca consciente e resolução dos conflitos que envolvem o núcleo familiar
Quem é que nunca ouviu aquela máxima tão popular que diz que ‘problemas todo mundo tem’? Engana-se quem pensa que acomodar-se diante de um problema ou conflito seja a solução ideal. E na verdade, identificar e solucionar conflitos pode não ser tão simples quanto parece. Na maioria dos casos, o próprio entendimento de cada caso é mais complicado do que sua solução propriamente dita. É aí que entra uma técnica que busca entender a vida e as relações das pessoas entre si e com o mundo. “A Constelação Familiar pode ser aplicada em casos de conflitos com uma forte dimensão emocional. O intuito da prática é esclarecer as questões e restabelecer o equilíbrio entre as partes envolvidas”, explica a psicóloga clínica e consteladora Rosângela Montefusco, do Instituto Montefusco.
A profissional ainda esclarece que a Constelação abrange o entendimento dos padrões comportamentais dos sistemas em que todas as pessoas estão inseridas, sistemas esses que podem ser micro ou macro. “A família é considerada um microssistema porque estabelece vários subsistemas que a compõem. E ao sair para a sociedade, ao se relacionar em outros sistemas, como a escola, educação, o trabalho e as relações sociais, ela (a família) está se envolvendo com outros microssistemas, formando assim um macrossistema”, afirma. Para compreender e solucionar um conflito, é preciso antes entender que dentro de uma composição familiar existe o sistema de casal, quando dois indivíduos assumem um compromisso; sistema esse que posteriormente muda quando os dois se tornam pai e mãe, pois as relações se modificam com a chegada da criança e as responsabilidades inerentes à rotina do filho.
Um conflito que aconteça no sistema de casal, pode afetar os outros subsistemas que compõem aquele núcleo familiar. “Desse modo, com uma análise sistêmica nós podemos identificar onde os conflitos estão e interferir de tal forma que o conflito seja tratado diretamente na sua origem, não se expandido para os demais subsistemas”, conceitua Montefusco. Na prática, a Constelação vai mostrar a situação diante dos olhos dos integrantes daquela família, para que os próprios consigam enxergar o conflito. A técnica busca, então, a restauração do equilíbrio e da harmonia familiar.
Leis sistêmicas
Desenvolvida pelo alemão Bert Hellinger, a Constelação funciona a partir de um conjunto de leis sistêmicas: hierarquia e ordem, pertencimento e equilíbrio. “A hierarquia diz respeito a quem chega primeiro. Nesse caso, quem chega primeiro tem prioridade e tem precedência dentro do sistema. Já a ordem refere-se à função que cada um ocupa dentro do sistema”, explica Rosângela. O pertencimento está ligado à forma como cada indivíduo está inserido e é reconhecido dentro do núcleo familiar. O equilíbrio abrange a noção de respeito e igualdade no sistema. “É preciso que haja equilíbrio dentro de um subsistema, entre o que se dá e se recebe. Para o casal é muito importante, que o que um oferece para o outro, seja o quanto que ele consegue receber”, complementa.
Quem pode ser constelado
Por mais que pareça seguir uma porção de regras muito práticas, a Constelação funciona basicamente por meio da conscientização dos indivíduos que compõem um núcleo familiar sobre as responsabilidades da sua função e dos seus atos. Não existe uma faixa etária ou perfil de pessoas que podem ser consteladas, a técnica pode ajudar todos os níveis de relações interpessoais. “O constelado vai ter uma ressignificação dos seus atos e, ao mudar sua postura, atinge um novo padrão de comportamento. Dessa forma, o impacto pode ser recebido por toda a família”, afirma Montefusco.
Mesmo quando a composição familiar é formada por crianças é possível aplicar a Constelação. “Filhos crianças têm uma percepção muito aguçada, eles leem os pais com muita facilidade. Eles não têm muitos recursos intelectuais e cognitivos para fazer distinção das decisões e dos fatos que eles estão vendo e das decisões que são tomadas, mas, ao mesmo tempo, percebem o ambiente de forma mais limpa”, caracteriza. Assim, é por meio de uma abordagem mais simples e lúdica que as crianças podem ter essa associação da Constelação.