Disco Nota 11: “Low” – David Bowie

 

*** por Paulo Fernandes para rockontro.org

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SEXO, DROGAS, ROCK E SOUL

Há algum tempo eu li em uma revista de rock um depoimento de David Bowie sobre um período de sua vida, em meados da década de 1970, do qual ele se lembra muito pouco ou quase nada, de tão chapado que ele ficava. Em 1974, na turnê de promoção do álbum “Diamond Dogs”, Bowie estava tão magro, pálido e debilitado que ele mesmo disse pouco depois não saber como escapou vivo de tal rebordosa.

Foi durante essa turnê que Bowie começou a dar mais ênfase à música soul – ele também havia se mudado para os EUA fazia pouco tempo – o que viria a resultar em mais uma guinada em sua carreira, dessa vez em direção aos ritmos afro-americanos, além do soul também o funk.

Bowie, à época de "Young Americans"

Bowie, à época de “Young Americans”

O primeiro fruto dessa nova fase é o álbum “Young Americans”, de 1975. Em seguida veio o excelente “Station to Station”(1976), que desenvolve a proposta com um resultado, a meu ver, mais eficiente do que o seu antecessor. Se sua música ia muito bem, sua vida pessoal estava periclitante com o recrudescimento de seu vício em drogas.

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TRILOGIA DE BERLIM

No final de 1976 seu interesse pelo vigoroso krautrock alemão o leva se mudar para Berlim Ocidental. E a mudar novamente de rumos musicais.

Bowie e Eno em estúdio

Bowie e Eno em estúdio

Bowie começa então a trabalhar com Brian Eno e a juntar elementos de krautrock, ambient music, eletrônica e influências do Kraftwerk que resultaram num dos maiores marcos musicais de David Bowie: o álbum “Low”, lançado em 1977. “Low” é o primeiro capítulo do que viria a ser conhecida como a Trilogia de Berlim, completada por “Heroes” (1977) e “Lodger”(1979).

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O HOMEM QUE CAIU NA TERRA

Ao contrário dos trabalhos anteriores de David Bowie, em “Low” não há histórias ou personagens a fornecer o fio condutor do álbum, e sim a exposição de um íntimo desesperado e que luta para sobreviver. Existem canções com letras minimalistas e fragmentárias (concentradas no Lado A) e longas músicas instrumentais (no Lado B). Apesar do estado de espírito do músico estar “para baixo” – daí o nome do disco – a música é inspirada e inspiradora com suas texturas e ambiências.

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Os sintetizadores pilotados por Eno e Bowie dão a tônica do álbum com uma inteligência e uma inventividade que fizeram“Low” se tornar uma referência, para o bem ou para o mal, para grupos com sintetizador que vieram posteriormente. Sua abordagem composicional totalmente nova, graças em grande parte a Brian Eno, ajudaram a tornar “Low” um dos melhores – para muitos o melhor! – e mais influentes trabalhos de Bowie.

Bowie no filme "O Homem que Caiu na Terra"

Bowie no filme “O Homem que Caiu na Terra”

A capa é uma imagem retrabalhada tirada do filme “O Homem que Caiu na Terra”, dirigido por Nicolas Roeg e protagonizado por David Bowie. O filme narra a história de um alienígena (Bowie) que vem à Terra em busca de água para salvar o seu planeta de origem.

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FAIXAS 

Todas as músicas compostas por David Bowie, exceto as indicadas.

Lado A

1) Speed of Life
2) Breaking Glass (Bowie, Dennis Davis, George Murray)
3) What in the World
4) Sound and Vision
5) Always Crashing in the Same Car
6) Be my Wife
7) A New Carear in a New Town

Lado B

1) Warzawa (Bowie, Eno)
2) Art Decade
3) Weeping Wall
4) Subterraneans

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