Exposição a partir do Poema Sujo, de Ferreira Gullar, abre dia 3 de setembro no Goyazes, Festival de Fotografia de Goiânia

Depois de temporada em São Paulo, a mostra terá 95 imagens do fotógrafo Márcio Vasconcelos e curadoria de Diógenes Moura, que também assina a leitura curatorial do livro editado pela Vento Leste e à venda durante o festival

 Fotos Tereco Joaozinho 325t

Atual, mesmo quarenta anos depois, o Poema Sujo escrito por Ferreira Gullar durante exílio na Argentina, foi recentemente reeditado e agora é também revisitado em forma inédita: a fotografia. De São Luis, como o escritor, o fotógrafo Márcio Vasconcelos se debruçou durante anos sobre os locais, pessoas e sensações descritas num momento tão importante da história do país, para o projeto já premiado em 2014 com o Marc Ferréz de Fotografia, publicado em livro, pela editora Vento Leste e apresentado em grande exposição no Museu Afro, em São Paulo.

“Ele vive Gullar e o Poema Sujo ‘está nele/como a cidade está no homem’ desde que nasceu”, diz Diógenes Moura, editor do livro e curador da exposição, que trabalhou por mais de dois anos no projeto em discussões profundas com o fotógrafo sobre o corpo/alma do que seria o livro.  “Crio sensações visuais como se estivesse no lugar dele. Como seria essa São Luís? Quais os tons, nuances”, explica Márcio.

Para o projeto, foram convidados os artistas maranhenses Rita Benneditto e Zeca Baleiro para interpretar trechos do Poema Sujo e do imaginário popular do Maranhão. Na exposição, será possível ouvir as vozes de Gullar, Zeca, Rita, Jorge da Fé em Deus (Falecido babalorixá importante do Maranhão), Marcelo Preto (grupo A Barca, paulista) e Zezé Meneses (Filha de Santo da Casa Fanti Ashanti).

“Eu pego o que tem de escuro, de sujo, as cadeiras velhas, os armários velhos, e coloco uma luz. Vou até embaixo, no fundo, e subo trazendo tudo junto: o que é poesia e o que não é poesia”, diz Ferreira Gullar sobre o título do poema.

“Em Visões de um Poema Sujo o olhar do fotógrafo se debruça sobre a musicalidade da poesia em cenas do cotidiano da cidade, objetos e pessoas. Há um relâmpago nos versos gullarianos, mesmo quando ele fala do lado obscuro da cidade, sua lama e podridão, seus cheiros e mangues. O artista procura e desnuda essa sujeira luminosa, lambe cores e sombras, portas, cadeiras, paredes, conversas, cascas, cristaleiras, terra, pele, água, barro, latas velhas, garfos, armários, muros, quitandas, quintais, entre formigas e rádios que dão notícia sobre a Segunda Guerra Mundial”, escreve Celso Borges, que assina um dos textos do livro.

Sobre a época em que foi escrito, no ano de 1975, Gullar diz: “Sentia-me dentro de um cerco que se fechava. Decidi, então, escrever um poema que fosse o meu testemunho final, antes que me calassem para sempre”. Aqui, quaisquer semelhanças com os dias de hoje não são mera coincidência. (Juliana Gola)

Abertura:

Dia 3 de setembro

Com a presença do autor e do curador

Goyazes, Festival de Fotografia de Goiânia 2017

Vila Cultural Cora Coralina

Até dia 12 de outubro

 

Entrada Gratuita

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