Mostra de arte evidencia problemas do Cerrado goiano

Lorena Lázaro

Obras de Ana Paula e Sanderson Porto (crédito: Cristina Dourado)

“Tamanduá: Uma história prá contá” fica aberta à visitação pública até 29 de março, no Shopping Bougainville, com entrada gratuita

Pautada em conceitos como solidariedade e inclusão social a mostra Tamanduá: Uma história prá contá, segue aberta ao público com visitação gratuita até dia 29 de março no Shopping Bougainville. As 56 esculturas em tamanho real do animal, cerca de 1,80 m, foram customizadas por arquitetos designers, artistas plásticos e crianças que trabalharam temas como preservação do meio meio ambiente e cuidados com esse animal tão presente na fauna brasileira, em especial o Cerrado.

O desafio artístico e social foi proposto por Meire Santos. As esculturas foram leiloadas em badalado evento no dia 10 de março com renda revertida para três instituições de caridade: Grupo Fraterno Espírita de Assistência Social, mantenedor da Creche Luz do caminho e para o abrigo de idosos Solar Espírita Apóstolo Tomé, localizadas em Goiânia, e para Vila São Cottolengo de Trindade. A partir de agora elas seguem expostas para visitação gratuita até 29 de março  no Shopping Bougainville.

Participaram nomes de peso no cenário nacional como o arquiteto goiano Leo Romano, que agregou à peça retrovisores para contar o principal motivo de extinção do animal: os atropelamentos nas estradas.  A designer Regina Amaral trouxe o vermelho das queimadas que sangram o Cerrado a cada ano,  que também causam morte da fauna “É uma oportunidade ímpar de desenvolver um objeto de arte e ao mesmo tempo alertar sobre a destruição do cerrado e seus animais”, declara Regina.  

Meire Santos conta que cada obra toca o coração pela beleza e significado. “Agregar a solidariedade e a preservação ambiental ao design é um convite para os apreciadores de arte a se engajarem também”, explica. As arquitetas Naira Sá e Andréia Spessatto reproduziram a cadeia alimentar do tamanduá  em sua obra.  

As temáticas foram além das questões ambientais. Dois projetos saltam aos olhos por seu olhar social. Uma deles é o tamanduá assinado pelo designer Genésio Maranhão, que foi pintado por crianças com baixa visão ou deficiência total, atendidas pelo Centro Brasileiro de Reabilitação e Apoio ao Deficiente Visual (Cebrav). Com orientação do professor de artes e artista plástico Helder Amorim, elas se reuniram em volta da peça e antes de colocar as mãozinhas na tinta, puderam sentir o formato do tamanduá e ouvir histórias ao seu respeito. O resultado foi uma escultura cheia de cor e vida. “Quando falamos em expressão artística, precisamos lembrar do conceito de subjetividade. Essas produzem uma arte sem influência pré-estabelecida, pura sem estética definida. Essa expressão é de imenso valor artístico”, pontua Helder. 

Outra obra que merece destaque dentro desse aspecto social é a assinada pelo designer autoral Marcus Camargo que teve seu desenho bordado pelas mãos dos reeducandos (as) da unidade prisional da Cidade de Goiás, através do projeto Cabocla Bordando Cidadania. O designer acredita em projetos colaborativos que usam a arte como semente transformadora. Por isso optou por dar visibilidade ao projeto vilaboense. “Uma oportunidade única de se apropriar de um objeto e traduzir visualmente um conceito autoral, além de poder ajudar muitas pessoas através da renda arrecadada”.

 Alerta 

Dados de 2019 do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), alertam mostraram que o Cerrado foi o Bioma brasileiro mais afetado pelas queimadas no mês de setembro. Foram registrados 22.982 mil focos de queimadas entre os dias 01 e 30 do mês, mais que o dobro quando comparado o mesmo período de 2018, superando, inclusive, os da Amazônia. 

Dentro desse contexto, o tamanduá-bandeira sofre com caçadores, perda de ambiente, queimadas e é um dos animais da fauna brasileira que mais morrem nas estradas do País. Um terço de sua população desapareceu nos últimos 25 anos. Ele recebe esse nome em referência ao tamanho e movimento de sua cauda. São solidários, alimentam-se de insetos e tem movimentos lentos. Não enxerga nem escuta bem e tem movimentos lentos, mas tem um olfato apurado.

Participam: 

Adriana Mundim e Fernando Galvão, Ana Lúcia Nunes Vieira, Ana Paula de Castro e Sanderson Porto, André Brandão e Márcia Varizo, André Lenza, Andréia Spessatto e Naira Sá, Andreia Rocha Lima, Bruno Veras e Juliano Costa, Cláudia Zuppani, Doriselma Mariotto, Edna Martins e Ednara Martins, Eduardo e Karla Bittar, Fabiana Queiroga, Fabíola Naoum e Wilker Godoi, Genésio Maranhão, Giovanni Borges,  Honorato Babinski e Filipe Ribeiro, Igor Lobo, Jader Almeida, Joey Peixoto e Raphael Romano, Juliana Bessa e Sarah Castro, Kerley Melo, Larissa Mafra, Leife e Gabriela, Leninha Leite, Léo Romano, Liandra Schimidt e Giselle Schimidt, Lissa Azevedo, Marcella Andrade, Marcus Camargo, Mariela Romano, Marília Teixeira, Maurem Françoise, Milena Niemeyer, Mineia Vieira, Nando Nunes, Ney Lima, Patrícia Neto, Pedro Ernesto e Leandra Gualberto, Pedro Paulo Rego Luna, Priscila Rassi e Bianca Keiko, Regina Amaral, Ricardo Assis, Rubin, Selma Pereira, Simone Lourenço, Siron Franco, Sophie Roccia, Stela Carvalho, Tayná Gonçalves e Larissa Leite, Teia Andrade e Arthur Andrade, Valéria de Oliveira, Victor Tomé, W. Leão Ogawa, Waléria Teixeira e William Hanna 

Serviço 

Mostra Tamanduá: uma história prá contá

Quando: de 11 a 29 de março 

Local: Shopping Bougainville, 3º piso. Rua 9, Setor Marista. 

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