Permutas multilaterais se tornam motor para movimentar economia no turismo

Luiz Fernando Rodrigues

Com perdas acumuladas em função do novo coronavírus, empresários do setor de turismo buscam alternativas para movimentar o caixa durante a retomada do setor

O Dia Mundial do Turismo, comemorado em 27 de setembro, será diferente neste ano. Um dos setores mais afetados pela pandemia ensaia seus primeiros passos de recuperação. De março a junho, a maior parte dos destinos turísticos do País ficou fechado para impedir aglomerações e a disseminação do novo coronavírus. Segundo a Confederação Nacional de Comércio, Serviços, Bens e Turismo (CNC), o setor responsável por 3,7% do PIB brasileiro já somava perdas de R$ 87,7 bilhões nos três primeiros meses da pandemia.

Após esse período com as atividades paradas, as empresas do setor começaram a retomar o trabalho seguindo rigorosos protocolos de segurança para impedir que a doença se propague ainda mais. Porém, as companhias da área de turismo ainda têm de enfrentar algumas dificuldades, como o medo de viajar por conta da doença e a queda da renda familiar. Segundo pesquisa do Datafolha publicada durante o mês de agosto, 46% dos brasileiros viram redução da renda familiar. Entre informais, autônomos e empresários, a queda chegou a 62%.

Diante desse cenário, empresários do setor têm buscado alternativas para fazer suas vendas. É o caso de Júlia Pittelkow, que comercializa hospedagens para a cidade turística de Rio Quente por meio de permutas multilaterais. Após um período sem locações por conta do fechamento das cidades turísticas, a empresária conta com as permutas multilaterais para manter as vendas aquecidas.

“Desde julho, já conseguimos fechar negócios por seis semanas consecutivas”, destaca Pittelkow. Ela faz as transações por meio da plataforma de permutas multilaterais XporY.com e afirma que, depois da retomada, já conseguiu permutar hospedagens no valor total de X$ 60 mil, moeda digital utilizada pela plataforma e que equivale ao Real, ou seja, cada X$ 1 comercializado equivale a R$ 1.

Segundo ela as permutas são um fator fundamental para a viabilidade de seu negócio. Hoje suas transações são 100% pela plataforma. “Faço locação de pacotes de hospedagens para um hotel, e com a pandemia, aumentou a dificuldade em vender em reais. Enquanto isso, as permutas através da XporY.com tem acontecido com mais facilidade. Na plataforma,  eu ainda conto com a oportunidade de anunciar minha oferta para uma rede de mais de 10 mil usuários gratuitamente”, afirma.

O casal de comerciantes Enoque Wesley Dourado e Suzana de Jesus foi um dos membros da plataforma de permutas multilaterais que adquiriu o pacote de viagens de Júlia para Rio Quente e vão desfrutar entre os dias 24 e 27 de setembro. Segundo Enoque, a viagem será um presente para celebrar o aniversário de 14 anos da filha. “É a segunda viagem que fazemos por meio de permutas, a primeira depois do início da pandemia. Durante a pandemia, tivemos uma queda de 70% em nosso faturamento e, se não fosse por meio das trocas multilaterais, não iríamos fazer essa viagem”, destaca Enoque, que utilizará os créditos acumulados com a permutas dos calçados que comercializa para trocar pelo pacote de hospedagem.

A movimentação pela plataforma é simples. Após fazer o cadastro, o novo membro cadastra seus produtos ou serviços na plataforma para qualquer outro participante. Após finalizar a troca, o ofertante recebe em X$, a moeda da plataforma, e poderá adquirir qualquer outro produto ofertado pelos participantes do sistema. Segundo o especialista em economia colaborativa e sócio-fundador da XporY.com, Rafael Barbosa, as permutas multilaterais são importantes para que empresas de qualquer porte ou profissionais liberais continuem movimentando seus estoques ou oferecendo seus serviços em um momento de crise.

“Uma empresa de turismo, por exemplo, pode ofertar uma estadia que não seria vendida em Reais e, por meio da permuta, ele terá crédito para adquirir insumos ou serviços importantes para o funcionamento de sua empresa sem necessariamente usar dinheiro. Dessa forma, ele transforma algo que era perecível em uma oportunidade de fazer novos negócios”, detalha Barbosa.

Benefícios

Pittelkow entrou na plataforma da XporY.com ofertando roupas infantis, negócio que ela mantém desde 2017. Ao ver o negócio gerar X$ 40 mil nos primeiros 10 dias de negócio, também resolveu disponibilizar os passaportes de turismo para Rio Quente. “Vimos que poderíamos transformar algo que era familiar em um negócio, ainda mais porque é algo que a nossa família não consegue aproveitar em todos os períodos do ano”. 

Com os créditos, ela adquire produtos e serviços para a família, além de comprar insumos para a própria loja. “Algo que estava parado, acaba gerando receita. A mensalidade da escola dos meus filhos, por exemplo, é paga em X$. Acabei propondo esse negócio para a diretora da instituição de ensino e ela achou interessante porque também poderia usar os créditos para contratar serviços de marketing. Com isso, os negócios em permutas acabam girando”, detalha a empresária.

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