Saber qual o seu tamanho de roupa vai ficar mais fácil

Estudo sobre padrão de medidas do corpo do brasileiro já permite adequar o tamanho das peças a cada biótipo

 

Ao comprar uma roupa, quem já não passou pela dúvida quanto ao tamanho que deve experimentar? E quem, no provador da loja, já não vestiu uma peça que seria do seu tamanho usual, mas que ficou enorme ou muito apertada? No Brasil não existe um padrão de medidas da indústria de vestuário. Mas esse problema está com os dias contados. É que o Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil (SENAI CETIQT), do Rio de Janeiro, realizou estudo inédito no país que classifica os diferentes tipos de corpos dos brasileiros, por meio de uma Pesquisa de Caracterização Antropométrica Brasileira (SIZEBR).

Dez mil voluntários de 27 cidades de 16 estados, de todas as regiões do país, sendo 64% mulheres e 36% homens, passaram por um scanner humano que tirou as medidas do corpo de cada um. Com base nesses números, uma média foi tirada e aproximadamente 25 medidas foram estabelecidas para a construção de bases de modelagem.

O SIZEBR, como ficou conhecido o estudo, definiu tabelas de medidas masculinas e femininas, divididas pelos biótipos da população das cinco regiões do país. As mulheres possuem biótipos retângulo, triângulo, ampulheta, colher e triangulo invertido. A nomenclatura foi mantida por ser baseada em pesquisas internacionais já realizadas para a caracterização de tipos físicos, que leva em conta a proporção entre busto, cintura, quadril e quadril alto (medida que corresponde à circunferência localizada na metade da distância entre cintura e quadril). O biótipo predominante das mulheres foi o retângulo, que não tem a cintura tão marcada, correspondendo a aproximadamente 76% da amostra, seguida de triângulo (8%), ampulheta (6%), colher (5%) e triângulo invertido (5%).

Já para os homens, foram definidos os biótipos atlético, normal, pleno, corpulento e abdominoso. Essa ordem da classificação segue a proporção do tórax maior que o abdômen até chegar ao inverso. Enquanto o atlético tem o tórax maior que o abdômen, o biótipo abdominoso tem a circunferência abdominal maior que a do tórax. Na pesquisa, o biótipo atlético correspondeu a 37%, o normal correspondeu a 32%, o pleno a 18%, o corpulento a 12%, e o abdominoso a 1%. Também foram definidas tabelas masculinas e femininas com um biótipo geral para a confecção de uniformes.

“Ao contrário do que se pensa, não existe um padrão de manequins no mercado internacional. Existem vários, assim como no Brasil. A diferença é que eles realizam pesquisas constantes de adequação de medidas aos diferentes públicos e assim, garantem uma modelagem mais assertiva”, explica a consultora do SENAI CETIQT, Patrícia Dinis, que alerta para a falta no Brasil do uso de dados antropométricos na confecção das roupas. Ela enfatiza a necessidade das empresas brasileiras a aprenderem a usar esses dados em benefício próprio. “A indicação das medidas de corpo em tags nas peças, por exemplo, pode ser uma boa iniciativa para que os clientes ganhem confiança na aquisição dos produtos”, pondera.

A partir das informações do estudo, o objetivo agora é aplicar as tabelas do SIZEBR em consultorias para que as empresas de confecção possam adequar as suas tabelas de medidas para os corpos dos brasileiros. Para isso, antes precisa ser feito um cruzamento entre os dados do SIZEBR e o perfil do consumidor da empresa. “Sou favorável a padronização de produtos de cada empresa, com a criação de indicativos de manequins para facilitar a compra por parte dos consumidores. Mas discordo que deva haver o uso do termo padronização para generalização dos tamanhos no Brasil”, enfatiza Patrícia.

E quando o assunto é compra pela internet, achar a modelagem certa ainda é um desafio. A especialista do SENAI CETIQT explica que informar as medidas reais são uma boa solução para amenizar o problema. “As pessoas desejam saber o que elas estão adquirindo realmente. Tanto as medidas de corpo, como as medidas das roupas à venda, podem e devem ser indicadas nos sites, facilitando a consulta e a compra do cliente, mesmo sem experimentar as peças”, esclarece.

No mercado, já existem aplicativos para facilitar a escolha dos tamanhos. No Sizebay (https://sizebay.com/), por exemplo, site que é uma espécie de Provador Virtual desenvolvido por uma empresa de Joinville, as empresas de confecção cadastram seus produtos, enquanto os clientes preenchem suas informações pessoais. Com base nessa troca de informações e nos dados do SIZEBR, os consumidores podem saber quais produtos disponíveis para venda são mais adequados ao seu corpo. Há ainda alguns aplicativos que determinam o manequim do usuário, inclusive criando uma espécie de avatar virtual que serve de manequim de prova 3D. Além disso, existem espelhos de prova virtual, em que a pessoa se vê com a roupa ao selecionar cor e estampa, entre outros detalhes, antes de efetuar a compra. Esse ‘Espelho Virtual’  é um dos componentes da Confecção 4.0 instalada no SENAI CETIQT, no Rio de Janeiro; a primeira do gênero no Brasil. (SENAI CETIQT)

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