
De figurante em um comercial de carro, quando criança, à faculdade de computação, que trancou para seguir a carreira como ator, Gabriel Milane, 24 anos, já começa a colher os frutos do reconhecimento de um trabalho realizado com muita dedicação e foco. Após o sucesso na Netflix, com a série “De Volta Aos 15”, e também em “Pico da Neblina”, da Max, ele é o nome da vez, com o personagem Luiz Cláudio, ou como é mais conhecido, Topete, em “Garota do Momento”, novela das 18h na Globo.
Toda essa repercussão, o leitor do Portal Patricia Finotti, pode conferir, nesta entrevista, em que ator contou sobre o inicio de sua carreira, sua dedicação em tudo o que desempenha, e claro!, a vivência no folhetim, ambientado no Rio de Janeiro dos anos de 1950, e que é o destaque no início da noite na televisão Brasileira.
Ah! A fotografia, que ilustra a entrevista, é de Philipp Lavra, que na novela, é Orlando, pai de Topete.
“Senti no coração que deveria enfim me jogar de vez na carreira artística. Foi o que fiz, dediquei meu foco absoluto a isso. No fim, deu tudo certo.”
Portal Patricia Finotti – Você trabalha no audiovisual desde criança, qual foi o seu primeiro trabalho, e como tudo começou?
Gabriel Milane – Entrei no audiovisual depois de me associar a uma agência de talentos. Na época, meus pais acreditavam que meu irmão mais novo tinha talento para a coisa, e levaram para fazer uma sessão de fotos na agência. Eu estava no dia, e por sorte também fui fotografado. Tudo começou assim, de repente. Na semana seguinte já fui chamado para gravar. Meu primeiríssimo trabalho foi como figurante para um comercial de carro. Lembro que me diverti muito com aquela bagunça toda de set. Fazíamos um coral, eu e mais umas vinte crianças. Foi uma experiência mágica que guardo até hoje com muito carinho no coração.
P.P.F. – Antes de decidir seguir a carreira como ator, você cursava a faculdade de Sistemas de Informação, na USP – Universidade de São Paulo. Como foi esse momento de mudança na carreira?
G.M. – Apesar de já estar no terceiro ano de faculdade, decidi trancar o curso pois sentia que o caminho que estava seguindo não me realizaria no fim. Meus colegas de curso estavam todos indo trabalhar em bancos e escritórios. Eu cheguei a estagiar e trabalhar como analista Jr. Minha equipe era fantástica, aprendi muito sobre a área nessa oportunidade. Apesar disso, senti no coração que deveria enfim me jogar de vez na carreira artística. Foi o que fiz, dediquei meu foco absoluto a isso. No fim, deu tudo certo.
“O ator vive de sua imaginação, e da forma como consegue trazer as ideias para a realidade.”
P.P.F. – Além de atuar, quais outras habilidades artísticas você tem? E sobre sua obsessão por cubo mágico, como essa habilidade ajuda em seu trabalho?
G.M. – Também sou músico, toco desde pequeno. Meu instrumento mesmo é o violão, mas toco bem guitarra, baixo e piano/teclado. Em relação ao cubo mágico, foi uma obsessão temporária… me dediquei muito na época para aprender e melhorar meu tempo de montagem. Acredito que como tudo que faço na vida, essa foi mais uma prova de que o foco leva a gente em lugares que parecem muito difíceis para a maioria.
P.P.F. – Em paralelo a carreira de ator, você tem uma produtora com foco em conteúdo para as redes sociais, a Lemon Soda Movies. Pode falar sobre os trabalhos na produtora, e como concilia as duas atividades?
G.M. – Ótima pergunta! Para ser sincero, vendi a minha participação no começo do ano para focar 100% na carreira artística. A empresa agora está sendo muito bem cuidada pelo meu irmão de vida e ex-sócio, João Assunção.
“Tenho trabalhado inclusive essa generosidade comigo mesmo… É um constante trabalho de desapego. Depois que a cena está entregue, resta agradecer pela entrega de todos presentes ali no set, e partir para a próxima. Não tem moleza!!”
P.P.F. – Como se prepara para a composição de seus personagens?
G.M. – Gosto de buscar as mais diversas referências para compor meu trabalho. O ator vive de sua imaginação, e da forma como consegue trazer as ideias para a realidade. Por isso, fiz um trabalho muito experimental para encontrar Topete, mas a grande verdade é que vamos descobrindo realmente as nuances do personagem quando o trabalho já está acontecendo. Jogo é jogo, treino é treino.
P.P.F. – Em seu trabalho, é possível perceber o respeito que tem com todos que estão junto a você. Você se cobra muito, como profissional?
G.M. – Sim! Sou extremamente autocrítico. Tenho trabalhado inclusive essa generosidade comigo mesmo, pois no fim tenho a consciência de que cada cena gravada até então foi a melhor versão do que poderia ter sido. É um constante trabalho de desapego. Depois que a cena está entregue, resta agradecer pela entrega de todos presentes ali no set, e partir para a próxima. Não tem moleza!!
“Amo o que faço e acordo feliz quando vou trabalhar. Extremamente realizado e com vontade de mais!”
P.P.F. – Você tem feito séries no streaming, e agora está na televisão, com o personagem Topete em “Garota do Momento”. Como tem sido esse momento?
G.M. – Estou aproveitando ao máximo a oportunidade de mostrar meu trabalho pela primeira vez na TV aberta. Gosto de pensar que o streaming é 100m rasos, e novela é maratona. Me adequei bem à essa rotina, amo o que faço e acordo feliz quando vou trabalhar. Extremamente realizado e com vontade de mais!
P.P.F. – O que mais o atraiu para fazer o Topete? Em quem se inspirou para compor o personagem?
G.M. – Topete é um personagem único em sua essência. Apesar de representar toda uma juventude rebelde da época, ele mesmo tem diversas camadas que tenho trabalhado com base no roteiro. O humor é um dos meus pontos fortes, e equilibro isso com a personalidade forte do personagem, que apesar de marrento, também tem suas fragilidades. Uso como referência os personagens característicos da juventude transviada, vividos por John Travolta, James Dean, Johnny Depp.. no humor, minha referência máster é o gigante Jack Black.
“No humor, minha referência máster é o gigante Jack Black.”
P.P.F. – Sobre a preparação emocional na composição do personagem. Topete é considerado um bad boy, e faz algumas coisas sem noção. Como você fica, quando protagoniza cenas que não concorda com as atitudes de Topete?
G.M. – Acredito que a atuação nos toca e nos atravessa de formas que não podemos evitar. Quando interpreto algo que não faz parte de mim, preciso criar isso para que seja real. Muito desse trabalho vem apoiado das motivações do personagem. Quando damos uma razão, mesmo que injustificável para certas atitudes, conseguimos de algumas forma também compreender que ninguém se considera o vilão da própria historia. Como seres humanos, somos muitos e diferentes. Acredito que isso é o mais especial nesse trabalho: o desafio de interpretar alguém tão diferente de mim.
P.P.F. – Como é contracenar com Eduardo Sterblitch, que faz o personagem Alfredo Honório, e que é uma referência para você?
G.M. – Edu é incrível, um gênio dentro e fora de campo. Me ensinou muito sobre atuar, principalmente no começo da novela. Estava muito ansioso para poder contracenar com ele, e foi incrível. Espero que tenhamos mais cenas juntos, nesse e em outros projetos.
“Edu (Eduardo Sterblitch) é incrível, um gênio dentro e fora de campo. Me ensinou muito sobre atuar, principalmente no começo da novela.”
P.P.F. – Quais são seus planos para o futuro?
G.M. – Sempre digo que tenho todos os sonhos do mundo, como diria o poeta, apesar de ser extremamente pé no chão. No momento, estou focado no Momento! Quero fazer cada vez mais cenas e entregar um trabalho que chegue bem perto do que imagino. O que tiver que ser, será no tempo certo.