O Show de Bob Dylan em 2012 ou O dia em que eu realizei o sonho que não tinha

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O DIA EM QUE EU REALIZEI O SONHO QUE NÃO TINHA OU BOB DYLAN EM BRASÍLIA POR CENTO E POUCOS REAIS

Impecável. Não consegui pensar em outra palavra ou sensação que expressasse exatamente o que foi o show desta terça-feira (17/04/2012). Organização e produção cem por cento, estádio coberto (o único dia que choveu nesse mês, aposto), luz, som, o público.

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E, claro, o cara. Dificilmente um artista atingirá um grau de perfeição, técnica e fuckability que Dylan atingiu. São mais de cinquenta anos de inovação e aprimoramento. A gaita nunca esteve tão boa, os arranjos estão num grau onde só nos resta ficar em pé pensando “filho da puta” e ao público só resta a certeza de que o cara sabe o que está fazendo, e é o melhor no que faz.

(Jornalistas malditos. Todas as vezes que li sobre as apresentações dele era sempre o mesmo mimimi de “ele sequer dá boa noite pro público/ ninguém consegue reconhecer as músicas”. Pra mim, se o cara vai ao show querendo boas noites e salamaleques, ele não deveria ir ao show. E se ele não consegue reconhecer as músicas, ele não tinha que dar opinião em revista.)

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Nunca tive a pretensão de ir a um show do Bob Dylan, porque nunca tive disposição de desembolsar quase mil reais de ingresso, mais passagens, mais hospedagem. Eu nunca imaginei que ele viria a Brasília (porque ninguém nunca vinha a Brasília), eu nunca sonhei que pagaria relativamente pouco num ingresso. Então ele veio. E veio pra Brasília. E eu devia aquele ingresso, porque são dez anos ouvindo o cara sem pagar um real que fosse — vejam meu tapa-olho e minha perna de pau. E eu vi o show mais impressionante que eu poderia esperar.

A apresentação durou exatas duas horas. Duas horas non-stop, onde a banda — eu pagaria pra ir num show daquela banda de novo — emendou uma música na outra sem dó, o velho não se encostou um minuto e mostrou um fôlego monstro pra gaita. Os solos de guitarra foram poucos e inesquecíveis, os arranjos completamente novos e surpreendentes.

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Ver o Dylan ao vivo é como ouvir um disco novo. É como quando você baixa um disco que nunca ouviu e fica lá sentado ouvindo do começo ao fim, atônito. Pra mim, foram duas horas de mão no queixo, olhos arregalados e “abismação”. Volta e meia eu ouvia um “caralho, caralho, caralho” de alguém que devia estar no mesmo grau de “pasmação” que eu. E no fim, uma senhora que estava na minha frente virou pruma menina do lado dela e disse: eu não merecia tanto.

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