É fato, que nós, mães modernas, temos uma rotina agitada, uma agenda apertada… e muitas amigas loucas para encontrar, colocar o papo em dia. Mas, cadê o tempo????
A maioria vive fazendo promessas de WhatAapp ….: “Oiiieeee…. Já comprou o material do seu menino? E aquele café? Semana que vem tenho uma hora para irmos.” Na semana seguinte…. “Então, hoje não vai dar. Vou levar o filhote na emergência.”
Entretanto, existem aquelas que convidam, e marcam o café de meia hora, com exatidão precisa. Daí, não tem como faltar. Não é?
Essa é a Melissa. Sua vida agitada, incluem marido, uma filha, uma cachorinha – que na verdade é da irmã, e as vezes passa uns dias na casa dela. Outras preocupações com sobrinhos e afilhadas.(Gente!!! Ela tem 3 afilhadas, todas da mesma comadre.) E ainda, uma ponte área… Fico só imaginando como ela dá conta de tantas coisas?!?
Enfim, marcamos nosso café, no shopping, perto de casa mesmo, e até para aproveitar o tempo para trocar uma calça que meu filho ganhou, e ficou pequena.
Minha amiga Melissa é dessas toda organizada. Pontual, milimetricamente definida. O nosso bate papo começa, cheio de novidades, afinal, já fazem seis meses do nosso ultimo café. Ela, que já era maravilhosa, está mais magnânima. Acabou de fazer uma lipo, e não contou para ninguém. Até o marido, guardou o segredo as setes chaves.
Ela segue, contando o quanto o Jorge é uma parceiraço. Quando decidiu fazer a cirurgia, ele disse:”Meu amor, você não precisa disso. Está muito gata!” Ela insistiu que queria muito. Claro! Ele foi na primeira, e em todas outras consultas do pós operatório, com direito a check list e várias observações.
Em casa, ninguém arrumava o quarto do casal, a não ser ele. Todos os dias, café, almoço e janta na cama. À noite, quando Melissa não aguentava mais dormir sentada, devido as dores, estava ele lá, pronto para contar uma história animada para fazê-la esquecer dos incômodos.
Nossa! Pensei… “o Jorge é muito fofo”… mas, percebi que Melissa mesmo empolgada e muito agradecida pelo apoio do marido, tinha um certo ar de insatisfação. É obvio que perguntei: “Você está muito feliz com o resultado e com o apoio recebido, mas, tem alguma coisa que sinto em você… o que aconteceu?” A resposta veio meio que, quase não querendo ser respondida… “é o Jorge! Sabe como sou…. gosto tudo no perfeito lugar, milimetricamente organizado. Acredita que ele decidiu lavar o banheiro todos os dias, mas, não consegue enxugar a pia de forma que fique seca ? …” E … então despejou….. “Ah! ele é muito estabanado também.! Acredita que quebrou, a minha bandejinha de louça chinesa, que comprei na feirinha de antiguidades em Paris?…”
Olhei bem para ela…. e não hesitei: “Amiga, lembra quando você fez aquele curso de medicina legal, e perguntou para o rapaz da funerária como faziam para preparar o corpo para o velório. E ele disse que na maioria das vezes eles colocavam somente a parte da frente da roupa, porque era impossível vestir o morto. Não calçavam sapatos, e as vezes, nem calça era colocada?” … ela refletiu, e respondeu: “É verdade. Nem a roupa a gente leva quando morremos.”
Rimos juntas… e tivemos a grande certeza de que tudo o que temos, somos e teremos são as nossas experiências. Os bons momentos e os gestos de apoio e carinho são os que ficam.
E aquela bandejinha de louça chinesa? Foi para o lixo. O nosso próximo café? Está marcadíssimo… daqui um mês, quando ela volta de sua sétima viagem de lua de mel com o fofo do Jorge.
Afinal, são os bons momentos que ficam. (Patricia FInotti)