
Mestre em Linguística Aplicada, pela UFG e graduada em Letras pela mesma universidade. Professora de língua portuguesa, inglesa e espanhola no ensino fundamental e médio, português instrumental e língua portuguesa na UEG em convênio com a Academia de Polícia Militar de Goiás.
Participou da equipe de elaboração do currículo de língua portuguesa da Secretaria de Estado da Educação de Goiás, bem como da elaboração de material didático pedagógico distribuído à rede.
Ama viajar, ler, ouvir música e estar com seus animais de estimação e companheiros fieis.
Ano novo, vida nova. É o que a maioria costuma dizer. Como se a passagem de trinta e um de dezembro para primeiro de janeiro determinasse a vontade de mudança, de transformação, recomeço. Deixar para trás o que não está funcionando e partir para um mundo novo. Então, alguns estabelecem suas determinações para o novo ano, metas que pretendem cumprir para conseguir a tão sonhada mudança; até as escrevem em cartas que serão lidas ao final daquele ano, antes de repetirem o ritual para o próximo.
Há também aqueles que disfarçam suas determinações em forma de desejos, lançados ao universo na hora em que o relógio bate as doze horas, marcando o fim de um ano e começo do novo. Nesse caso, podem vir acompanhados de romãs, ou uvas, ou pulinhos em ondas do mar, mas há que acreditar.
Também costumava fazer alguns desses rituais, ou todos, dependendo da época da minha vida. O resultado, ao final de cada ano, era mais frustração que alegria, pois a metade daquelas metas acabavam abandonadas antes do fim do primeiro semestre. Mas então havia outro ano para recomeçar e refazer os desejos e planos.
Alguns podem dizer que me faltava determinação. Talvez. Mas a questão aqui não é essa. O que questiono é por que precisamos estar o tempo todo nos impondo metas a cumprir? Já não somos suficientemente cobrados no trabalho, na família, na sociedade? Por que então ainda temos que nos torturar?
Não seria mais simples viver apenas, um dia de cada vez, sem grandes expectativas; somente saboreando a beleza do dia, a companhia das pessoas, a alegria de estar vivo. E então sim ir encaixando nesses dias os nossos propósitos de crescimento pessoal para aquele dia, não para o ano, ou o mês, mas um dia por vez. Hoje me proponho a ser uma pessoa mais gentil e tratar aqueles que cercam com mais delicadeza e respeito. Nesse dia decido que serei um aluno, profissional, filho, pai ou mãe melhor do que tenho sido, deixando para trás o sentimento de que podia estar fazendo mais.
Planos a longo prazo talvez funcionem para alguns, mas no meu caso, sinceramente não. Então decidi que a cada dia farei o meu melhor e assim estarei me dedicando mais àquilo que me interessa alcançar, ou realizar; sem pressa, sem frustração se por um momento, em um dia qualquer, decidir que simplesmente não quero fazer nada e “chutar o balde”. Tudo bem, quando me sentir novamente disposta terei mesmo que o buscar e seguir em frente, mas não vou me cobrar por isso, não há prazos, nem metas a bater me pressionando, então posso recomeçar.
O que estou propondo não é uma vida sem objetivos, sem planos, do tipo “deixa a vida me levar”. Não, não tenho por filosofia deixar que a vida se resolva sem que eu esteja no controle, sem que eu decida para que rumo desejo ir. Apenas digo que quem decide o ritmo da viagem sou eu, sem pressões externas, no meu tempo e de acordo com o que considero melhor para mim, não pelos palpites alheios. Não digo a ninguém como viver, e procuro viver como eu quero.
Acredito que a vida é uma jornada de aprendizagens e que cada um deve fazê-la a seu tempo. O bom, é que nessa escola não há reprovação e sempre podemos voltar para aprender mais. Amo estar aqui, mas se chegar o momento de ir embora, tudo bem; sei que sempre poderei voltar e recomeçar.
Como acontece, a cada ano que termina, logo, outro começa.
Feliz ano novo!