
Ana Paula Mota
O grupo transforma câmera subjetiva em terceiro bailarino, recriando, em novo formato, uma obra já aclamada por plateias de todo o país.
O espetáculo, que estaria nos palcos de quatro capitais por meio de uma circulação presencial, agora chegará ao público de todo o país por meio de uma experiência audiovisual única. O grupo de dança Ateliê do Gesto exibirá no mês de outubro o espetáculo “Dança Boba”, renovado pela presença de uma câmera viva, tão dançante quanto os intérpretes. As sessões acontecem nos dias 22, 23, 24, 29, 30 e 31 de outubro, às 20h. Aos sábados e domingos haverá uma sessão extra às 18h com tradução em Libras. Também acontecem bate-papos com os artistas nas seções das sextas e domingos. O Ateliê do Gesto ainda vai oferecer três aulas-oficinas, com exibição no YouTube, nos dias 25, 27 e 30 de outubro. Este projeto é apresentado pelo Fundo de Arte e Cultura de Goiás, SEDUCE e Governo do Estado de Goiás.
A impossibilidade de circular o espetáculo “Dança Boba”, devido às condições pandêmicas, como previa o projeto aprovado pelo Ateliê do Gesto, não retirou dos bailarinos João Paulo Gross e Daniel Calvet o compromisso de levar algo de muita qualidade ao público. Como fazer uma boa entrega do material? Como manter a experiência da relação entre plateia e bailarinos? Como deixar vivo esse trabalho, mesmo intermediado por uma tela? Foram as questões que guiaram os bailarinos até chegarem à seguinte ideia: uma câmera viva dentro do palco. Calvet pensou em um duo, mas executado por três bailarinos.
Daniel Calvet, que também é fotógrafo e videomaker, disponibilizou seu talento e criatividade para pensar e produzir um formato inovador para a exibição de um espetáculo de dança: o público verá sempre dois artistas em cena, como na versão original do espetáculo. Contudo, o novo formato inclui um terceiro bailarino, que reveza a cena e dança captando as imagens. No palco, na frente da câmera ou por trás dela, estão João Paulo Gross, o próprio Daniel Calvet e Gleysson Moreira, convidado do grupo. “O trabalho ainda recebeu a contribuição da equipe do estúdio Ocre, que tem experiência com câmeras e movimentos. Eles deram capacitação e assessoria para a parte técnica de toda a filmagem” comenta Calvet, que também assina a direção do trabalho.
Fugindo do formato “espetáculo cênico gravado em vídeo”
O projeto contou com o apoio do Centro Cultural UFG e da PROEC – Pró-reitoria de Extensão e Cultura da UFG. Segundo os intérpretes-criadores, a estrutura do CCUFG foi a locação perfeita para a ideia: sem plateia, tornou-se uma caixa preta utilizada para gravações em 360 graus. Isso é parte da renovação do espetáculo, que foi pensado de uma nova e completamente diferente: a partir das câmeras. “Queríamos oferecer ao público a experiência de assistir ao espetáculo mantendo a mesma força de quando vêem o trabalho em palco. Uma coisa é o registro, outra coisa é pensar o espetáculo a partir da câmera. O resultado é que “Dança boba” ganhou outro tom, outra temperatura”, comenta o bailarino João Paulo Gross.
O espetáculo terá um lado A, que apresentará um plano-sequência, e um lado B, que terá apenas dois cortes. Foram dois meses de ensaios e quatro dias de gravações para chegar ao resultado. Em cada dia, uma nova versão. Assim, a experiência ainda vai oferecer ao público a possibilidade de assistir a diferentes perspectivas do mesmo espetáculo. “Vamos disponibilizar quatro versões de forma sortida nessa temporada , para manter a imprevisibilidade do improviso que contém nas sessões ao vivo”, adianta Calvet.
Dança Boba
Um espetáculo que se funda na construção de danças a partir de jogos de improviso nos corpos de dois (agora três) intérpretes. Embalados por um universo sonoro recheado de texturas uma linha dramatúrgica e poética tece camadas que envolvem os sentidos potencializando e revelando a gestualidade construída a partir de uma gestação de afetos.
O gesto se constrói no agora, pela fisicalidade, tendo suas variações dinâmicas como porta de entrada para materializar cenas que se constroem a partir da relação de dois (agora três): ora um corpo ou uma câmera é suporte para o outro, ora dois como protagonistas, ora os três como um. Nessa profusão afetiva e generosa de produzir imagens/sentidos diante das lentes e dos olhos de quem vê.
As interações construídas ganham potência a partir da simplicidade, da construção poética desvelada e da entrega a que os intérpretes se colocam para compartilhar momentos que transitam entre memórias, nostalgias, leveza, dramaticidade, ludicidade. Neste estado latente do corpo e da câmera em movimento a Dança se faz Boba numa generosa efemeridade do tempo, na construção real de mundos possíveis pois tudo é vídeo, é ilusão, é teatro, metáforas sobre uma possível estória que “talvez” o improvável trio conte para você.
Oficina
As aulas-oficinas oferecidas pelo Ateliê do Gesto têm como objetivo despertar e aguçar o corpo e suas potencialidades criando estratégias para que os participantes possam criar e produzir danças a partir de ferramentas de improvisação. Será oferecida uma videoaula para a Secretaria Estadual de Educação do Estado de Goiás, para que possa ser distribuída para as Escolas Estaduais. Ela também estará disponível no canal do Youtube: @AteliêdoGestoDança. A videoaula utilizará o trabalho de conscientização do movimento, e deve proporcionar aos participantes jogos e experimentações que deram origem às cenas que compõem o espetáculo “Dança Boba” numa abordagem lúdica e vivencial do processo criativo com os elementos que fundamentam o espetáculo.
Serviço:
Ateliê do Gesto apresenta versão audiovisual de “Dança boba”
Datas:
22, 24, 29 e 31/10, às 20h – exibição do espetáculo no canal do YouTube do Ateliê do Gesto, seguido de bate-papo na plataforma Zoom
23 e 30/10, às 20h – exibição do espetáculo no YouTube
23, 24, 30 e 31/10, às 18h – exibição do espetáculo no YouTube com acessibilidade: Libras
Exibição da videoaula: improvisação e gestualidade no canal do YouTube do Ateliê do Gesto
25/10, às 16h
27/10, às 19h
30/10 às 10h