Patricia Finotti

zeroum comunicação / Larissa Mundim

 

Editoras, selos literários, coletivos criativos e artistas gráficos de nove estados e do Distrito Federal participam da feira e-cêntrica 2025, programada para 17 e 18 de maio, na Vila Cultural Cora Coralina, em Goiânia. Realizada pela negalilu editora, a sétima edição do evento tem programação gratuita e conta com a parceria da Secult Goiás – Governo do Estado de Goiás e com o apoio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura da Prefeitura de Goiânia.

 

Os mais de 100 expositores e expositoras representam a produção gráfica e literária independentes no Brasil, nas regiões Centro-Oeste, Nordeste, Sudeste e Sul. Casas editoriais como a Editora Incompleta (SP), Coral Viajante (PE), Edições Barbatana (SP), Viajeira Cartonera (BA) e Bebel Books (SP) fazem sua estreia na e-cêntrica, que integra o calendário nacional das feiras de publicações independentes, juntamente com MOTIM (DF) e Miolos (SP), entre outras.

 

Além da exposição e comercialização de livros especiais, zines e artes gráficas, a feira e-cêntrica promove um programa de formação para pessoas interessadas na cadeia produtiva do livro e no mercado editorial. A programação traz três oficinas, dois minicursos, quatro rodas de conversa e uma edição especial do Sarau das Minas GO, sob a coordenação de Carol Schmid.

 

Segundo a idealizadora e curadora da feira e-cêntrica, Lari Mundim, a sétima é a maior edição já realizada pela negalilu e aquela que reúne o maior número de publicadores e artistas iniciantes. “Implantamos um revezamento entre estreantes residentes em Goiânia e Região Metropolitana e essa providência garante não somente o aumento de vagas para expositores, como ampliação a diversidade da produção exibida e comercializada na feira”, comenta ela.

 

Seminário

Um destaque desta edição é a realização do Seminário Visão e-cêntrica, que instiga o debate sobre a ocupação do mercado editorial independentes pela mulher, pela pessoa negra e pela comunidade LGBTQIAPN+ . O seminário tem nove convidados de GO, DF, SP, RS para as três rodas de conversa programadas no sábado (17/5), a partir de 16 horas, com mediação de Pilar Bu, Van Moraes e beta reis. (veja programação completa ao final do release)

 

Todas as ações de formação serão realizadas na Vila Cultural Cora Coralina, no centro de Goiânia, onde uma praça de alimentação está sendo montada especialmente para a feira e-cêntrica. Na manhã do sábado (17/5), o programa começa com o minicurso Escrita literária: Vozes independentes do mercado editorial, conduzido pela escritora e editora Cidinha da Silva (SP). Com 6 horas/aula de duração, a mesma atividade está prevista para o domingo também de 9h às 12h.

 

Neste minicurso, a premiada escritora aborda as partes constitutivas do mercado editorial e suas múltiplas faces, além de discutir a atuação da autoria divergente e não-hegemônica no mercado editorial, com destaque para o cenário de publicações independentes, incluindo a autopublicação. Segundo Cidinha da Silva, a atividade destina-se a pessoas que escrevem, querem publicar e não desejam ficar com os livros encalhados, pessoas que se interessam por literatura e ferramentas de circulação de livros e que desejam entender o funcionamento do mercado editorial.

 

Também pela manhã, de 9h às 12h, no sábado, a fonoaudióloga Larissa Toschi ministra a oficina Modelagem de massinha como recurso de mediação de leitura. A atividade é destinada a educadores, profissionais que atuam com a infância, pais, avós ou qualquer outro adulto que faça mediação de leitura para crianças. A instrutora vai compartilhar técnicas de modelagem em massinha baseadas no desenvolvimento linguístico e cognitivo, com o objetivo de estimular a leitura e envolver a criança com o livro.

 

Design editorial é o minicurso proposto pela designer Angela Mendes, cofundadora da Edições Barbatana (SP), casa editorial especialista na publicação do livro-objeto. As aulas estão programadas no sábado (13h às 16h) e no domingo (14h às 17h), somando 6 horas de atividades certificadas. De acordo com Angela Mendes, o minicurso concilia temas como forma e conteúdo, a importância do conhecimento técnico versus criatividade, ferramentas para suporte do trabalho (aplicativos e outros), tipografia, projeto gráfico e a diagramação, narrativa visual do livro, entre outros aspectos do feitio do livro, como objeto.

 

A oficina Colagem: explorando narrativas visuais está prevista para o sábado (17/5), às 14h, com o acompanhamento das colagistas goianas Morgs e Cássia Roriz. A atividade tem como objetivo oferecer uma imersão na técnica da colagem, incentivando a expressão criativa e a construção de narrativas visuais pessoais. As instrutoras irão abordar os fundamentos da colagem, desde a seleção de materiais até técnicas de composição e os participantes serão estimulados a criar obras que reflitam suas perspectivas individuais, utilizando recortes de revistas, jornais e outros materiais gráficos.

 

A Oficina de multiplicação do verde: plantando PANCs, com o chef Humberto Marra, será realizada no sábado e no domingo, entre 17h e 18h, seguida de plantio. Para esta atividade que estimula o conhecimento e o consumo de plantas alimentícias não convencionais e nutritivas existe uma colaboração de dez reais.

 

Domingo

No último dia da feira e-cêntrica, a arte-educadora Isabela Preto Junqueira estará à frente da oficina Relicário: composições poéticas entre a escrita e a imagem, de 9h às 12h. Nesta atividade ela apresenta a Escrita Criativa como ferramenta de investigação e criação poética a partir de exercícios que exploram memórias, narrativas pessoais e coletivas, tensionando possibilidades entre as materialidades das palavras e das imagens como repertório para composições de poéticas visuais.

 

“Uma matéria histórica chamada boneca” é o tema da roda de conversa proposta pelo cofundador da Impressões de Minas (MG), Wallison Gontijo, no domingo, às 13h. A partir de sua experiência como editor e produtor gráfico, ele propõe reflexões sobre a relevância do protótipo que antecede a impressão de um livro (chamado de boneca ou boneco) e suas influências decisivas no produto final. “As bonecas são elos e funcionam como pontes, conexões, um documento psicológico-material, uma lente do processo e da memória do autor, dos editores e da matéria da palavra-imagem”, defende Gontijo.

 

Ainda no domingo, entre 14h e 16h, haverá uma série de lançamentos literários, uma amostra da recente produção independente brasileira. O Sarau das Minas GO ocupa a grande galeria da Vila Cultural Cora Coralina de 16h30 às 18h30, encerrando as atividades da feira e-cêntrica 2025.

 

PROGRAMAÇÃO

Feira e-cêntrica 2025

Local: Vila Cultural Cora Coralina

 

17/5 (sábado)

11h às 20h_ feira e-cêntrica – exposição/comercialização de livros especiais, zines e artes gráficas

 

9h às 12h_ Oficina de modelagem de massinha como recursos de mediação de leitura, com Larissa Toschi (GO)

 

9h às 12h_Minicurso de escrita literária_Vozes independentes do Mercado Editorial_parte 1, com Cidinha da Silva (SP)

 

13h às 16h_ Minicurso de design editorial_parte 1, com Ângela Mendes (SP)

 

14h às 16h_Oficina de colagem, com Morgs e Cássia Roriz (GO)

 

16h às 19h_Seminário visão e-cêntrica

Visão editorial_LGBTQIAPN+ (debatedores/ras: félix perini, Lari Mundim e Ricardo Rodrigues, com mediação de beta reis)

Visão editorial_ÉTNICO-RACIAL (debatedores/ras: Arthur Moura Campos, Difavela e Sanilla, com mediação de Van Moraes)

Visão editorial_MULHER (debadoras: Alda Alexandre, Laura Del Rey e Maira Valério, com mediação de Pilar Bu)

 

17h às 18h_Oficina de multiplicação do verde: plantando PANCs, com Humberto Marra. Colaboração: R$ 10

 

 

18/05 (domingo)

11h às 19h_feira e-cêntrica – exposição/comercialização de livros especiais, zines e artes gráficas

 

9h às 12h_Oficina Relicário: composições poéticas entre a escrita e a imagem, Isabela Preto Junqueira (GO)

 

9h às 12h_Minicurso de escrita literária_Vozes Independentes do Mercado Editorial_parte 2, com Cidinha da Silva (SP)

 

13h às 14h_Bate-papo: “Uma matéria histórica chamada boneca”, com Wallison Gontijo (MG)

 

14h às 15h_Oficina de multiplicação do verde: plantando PANCs, com Humberto Marra (GO). Colaboração: R$ 10

 

14h às 17h_Minicurso de design editorial_parte 2, com Ângela Mendes (SP)

 

14h às 16h_Lançamentos literários coletivos

 

16h30 às 18h30_Sarau das Minas, com coordenação de Carol Schmid (GO)

 

 

SOBRE AS INSTRUTORAS E O PALESTRANTE

Angela Mendes

Formada em Artes plásticas pela ECA-USP e trabalha na área editorial, com projeto gráfico, diagramação e produção gráfica, há mais de 25 anos. Neste período, trabalhou em várias editoras de São Paulo, contratada ou como free-lancer e também como assistente de alguns artistas gráficos. Juntamente com o editor Paulo Verano, fundou a Edições Barbatana (2016). Leciona nas escolas técnicas do estado (ETECS), no curso de Design Gráfico, em disciplinas como Tecnologias Gráficas e Construção da Identidade Visual, desde 2010.

 

Cidinha da Silva

É mineira, de Belo Horizonte; tem 22 livros publicados, dentre eles, os premiados, “Um Exu em Nova York” (Biblioteca Nacional, 2019, categoria contos) e “O mar de Manu” (APCA 2022, melhor livro infantil). Organizou duas obras fundamentais para o pensamento sobre as relações raciais contemporâneas no Brasil, “Ações Afirmativas em Educação: experiências brasileiras” (2003) e “Africanidades e Relações Raciais: insumos para políticas públicas na área do livro, leitura, literatura e bibliotecas no Brasil” (2014). Vários de seus livros integram políticas públicas de formação de acervo, incluindo o PNLD Literário, no qual teve quatro obras selecionadas a partir de 2020. É cronista do jornal literário Rascunho.

 

Isabela Preto Junqueira

Mestra em Artes (UNESP), graduada em Artes Cênicas (UFG) e Estudos Artísticos (Universidade de Coimbra). Arte educadora, com pesquisa e ensino sobre a Escrita Criativa, Curadoria, Experiência Estética e Infância. Atualmente, é Coordenadora Pedagógica na Escola Aldeia (Goiânia) e instrutora de oficinas artísticas em espaços e eventos culturais para crianças e adultos.

Larissa Toschi

Fonoaudióloga, mestre em Letras e Linguística, professora no curso de graduação em Fonoaudiologia da PUC- Goiás e de pós graduação no NEPNEURO, nas áreas de Aquisição, Desenvolvimento e Transtornos da Linguagem Oral e Escrita. Atua com infância e adolescência há mais de 30 anos.

 

Wallison Gontijo

Formado em Artes Visuais e Educação Artística pela Escola Guignard e em Geografia.  Geógrafo, Pintor, gravurista, escultor, editor de livros, é também ilustrador de livros, zines, cadernos e outros materiais editoriais. Sócio Editor na Impressões de Minas Editora, é idealizador e curador do Espaço Impressões e das Feiras:  Textura, pequena feira de literatura, da feira URUCUM: feira de livros, design e artes gráficas. Idealiza e contribui em vários projetos em Minas Gerais e no Brasil de fomento a literatura, artes gráficas, Artes visuais e a formação de leitores. 

 

SOBRE PARTICIPANTES DO SEMINÁRIO VISÃO E-CÊNTRICA

Visão LGBTQIPNA+

beta(m)xreis, pronomes ela/dela, pessoa transfeminina não-binária, é uma multiartista, com foco principal em poesia escrita. Possui interesses pessoais e profissionais variados: educação, tradução, revisão, antropologias e psicanálise. Desenvolveu trabalhos em dança, teatro e performance-arte. Publicou “dezessete” (editora Nega Lilu), “Lobo Bobo” (pdf autopublicado), e “Casa Pelos Cacos” (selo Lola Edições) com Rosa das Neves. É coeditora da “Revista Tem Base?!” Possui traduções e poemas publicados em revistas e coletâneas. Acredita piamente que escrever é para todes.

 

félix perini é designer gráfico e artista gráfico. Fundador do selo Sentimentos Ternos, é corealizador da feira gráfica qui qui qui, em parceria com a negalilu editora. Autor de inúmeras publicações em formato de zine, facilitador de oficinas de autopublicação em todo o Brasil. Mediador gráfico da oficina Álbum de memórias: autobiografia e autopublicação na casa 1 (São Paulo, 2021), com Laura Daviña e Caio Jade.

 

Lari Mundim, pronomes ela/elu, é uma pessoa não-binária. Escritora, editora, livreira, pensadora e jornalista. Fundadora da negalilu editora (2013) e idealizadora da feira e-cêntrica (2018). Curadora do marrom glacê corpo de leitura e mediadora do Grupo de Estudos Arapyau – Literatura e Poesia.

 

Ricardo Rodrigues é jornalista e autopublicador. Em 2016 criou o projeto editorial Experimentos Impressos, com o objetivo de materializar no papel livros experimentais em baixa tiragem. Uma característica constante no seu trabalho é o universo homoafetivo e homoerótico, que reflete as relações entre homens no contexto das grandes cidades, as transformações sociais e a busca por afeto.

 

Visão ÉTNICO-RACIAL

Arthur Moura Campos é poeta, artista e designer. Escreve vazios e desenha poemas. Trabalha com literatura e seus campos expandidos, sobretudo com a poesia experimental em diversas mídias. É autor de: RODAGIRA (2024), eucomeu (2023), Três pontos (2022), e SAÍDA (selo do burro, 2021), entre outros. Formado em Arquitetura e Urbanismo na FAU-USP (2019). Cursou mandarim e paisagismo em Nanjing Normal University e Southeast University (China/ Ciência sem Fronteiras, 2013-2015).

 

Sanilla é uma mulher preta, criada entre as feiras populares e o ateliê de artesanato de sua família no Distrito Federal. Em 2024, foi premiada na categoria Design Editorial no Prêmio Brasileiro de Design 2024 e teve um de seus projetos autorais selecionado na última Bienal de Design Gráfico. Concluiu o bacharelado em Design na Universidade de Brasília, transitando por diversas vezes entre as habilitações de Design Gráfico e de Produto. Durante esse percurso, co-fundou a AUA Editorial e percebeu a possibilidade de transitar entre diferentes áreas do design por meio de publicações independentes. Atualmente, é mestranda na UnB e atua nas interseções entre contra-colonialidade, raça e design.

 

Difavela é um artista visual que une tradição e contemporaneidade ao transitar entre a xilogravura, o graffiti e a cultura popular. Sua obra se desdobra em três principais vertentes: a valorização da estética das pessoas negras no graffiti, a fusão inovadora entre xilogravura e arte urbana – o Xilograffiti – e a conexão com a natureza, com destaque para representações de pássaros e elementos da fauna brasileira.

Cada obra de Difavela carrega camadas de memória, identidade e resistência, transformando a arte em um potente veículo de expressão e pertencimento.

 

Van Moraes é afroamazônida de Belém-PA. dos ventres de Florência, Margaria, as Raimundas e outras caboclas de lá. corpo político sapatão. dos banhos de cheiro. dos escalda-pés. dos rios faz suas ruas: encruzas de transformação. toma a bênça. pede passagem. migrante. se constituindo cerradeira. nas rodas com saia de chita, dança para se conectar e confluir com outros rios-gentes-mulheridades. Àse. graduanda em Letras: espanhol FL/UFG e sinalizante em formação na Libras (NAS/GO).

 

 

Visão da MULHER

Alda Alexandre nasceu e vive em Goiânia. É poeta, editora,  articuladora cultural , zineira, mestre em Arte e Cultura Visual. Também fundadora do selo literário e coletivo artístico Rebellium Coletiva, circula por outros espaços, no movimento do estar-aprender-fazer junto, que é uma marca da sua trajetória.

Pilar Bu (sul do equador) é Professora Substituta de Teoria e Crítica Literatura e Literaturas de Língua Portuguesa na Universidade Federal de Goiás. Doutora em Teoria e Crítica Literária (Unicamp) e Mestra em Estudos Literários (UFG). Trabalha especialmente, mas não se restringindo, à representação e autorrepresentação de grupos minoritários na literatura; estudos da memória e espaço; tanto na literatura brasileira quanto latino-americana. Cria do cerrado com coração metade goiano metade paulistano, se dedica ao projeto Vértebra Latina (Canal no Instagram). É escritora de diversos artigos e ensaios, pesquisadora e poeta, além de revisora da Revista Maloca (Unicamp) e membro do Conselho editorial da Revista Reiva (Unifaj).

 

Laura Del Rey é Sócia da Editora Incompleta, atua na empresa como editora, tradutora e designer, tendo coordenado cerca de 40 publicações. Desde 2017, organiza e edita a revista Puñado, dedicada à literatura latino-americana e caribenha produzida por mulheres. Como autora, publicou o fotolivro “Hart”, em parceria com Alziro Barbosa; a crônica ilustrada “Sobre ser uma linha”, em parceria com Gui Athayde; e o zine-poema “O regador verde”, novamente com Gui. Em 2026 irá lançar seu primeiro romance pela Editora Funilaria. É graduada em Cinema e pós-graduada no curso ‘Formação de Escritores’ do Instituto Vera Cruz. Colabora com diversos veículos, escolas, projetos e empresas da área cultural, como Memorial da América Latina, Sala Tatuí, Residência Literária O Jardim/ negalilu, Sesc-SP, Festival Valongo, entre outros.

 

Maíra Valério é jornalista, escritora, zineira e apaixonada pela palavra impressa. É autora do livro de contos “Homens que nunca conheci” (Editora Patuá, 2020), do projeto #LeiaBSB, focado no incentivo e divulgação da literatura realizada no Distrito Federal, e do blog e projeto multimídia Vulva Revolução, que recentemente se tornou livro pela editora negalilu, estreando a coleção blobloblo. Está para lançar, este ano, um livro de poesia, é mediadora de clubes de leitura, e trabalha em diversas frentes de projetos culturais.

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