Patricia Finotti

O III Fronteira – Festival Internacional do Filme Documentário e Experimental (FFF) e a I Bienal Internacional do Cinema Sonoro (BIS) criam uma programação unificada, que traz à capital premières mundiais e destacados cineastas e personalidades da vanguarda e do experimentalismo audiovisual.

Tamplete-MASTERCLASS - BORIS LEHMAN

Entre os dias 16 e 25 de março, Goiânia se transforma na capital mundial dos filmes documentários, experimentais e sonoros produzidos nas mais diversas partes do planeta. Neste período, acontecem conjuntamente a terceira edição do Fronteira – Festival Internacional do Filme Documentário e Experimental (FFF) e a primeira edição da Bienal Internacional do Cinema Sonoro (BIS). Nestes dez dias, as atividades e mostras acontecem nas duas salas do Cine Ritz (Rua 8, Centro), no Cine Cultura (Centro Cultural Marieta Telles Machado) e no Centro Cultural da UFG (Praça Universitária).

O Fronteira tem como propósito a difusão e a reflexão do cinema documental, experimental e de todo aquele que desafia os limites da linguagem. De acordo com Marcela Borela, que faz parte da direção do festival, a escolha por esses gêneros passa por uma decisão política, para além da questão estética. “A escolha do documentário valoriza o risco do real. E o experimental coloca a questão da percepção adiante de qualquer tipo de representação. São cinemas necessariamente questionadores de visões pré-fabricadas de mundo. Colocam novas maneiras de ver, pensar e sentir a realidade. Eles também tendem a expor conflitos, idiossincrasias e contradições da experiência humana”, explica.

Em 2017 serão 25 sessões do FFF e 25 sessões do BIS, totalizando 50 sessões de filmes e documentários. O Fronteira conta com as seguintes mostras:

  1. Mostra Competitiva de Longas e a Mostra Competitiva de Curtas;
  2. Mostra Retrospectiva Rita Azevedo Gomes;
  3. Mostra Cineastas na Fronteira: Vincent Carelli e Virgínia Valadão;
  4. Mostra Cadmo e o Dragão – Cineclube Antônio das Mortes 40 anos;
  5. Mostra Auto-Ficções – Boris Lehman;
  6. Mostra Land(e)scapes / Paisagens em fuga;
  7. Mostra Abigail Child;
  8. Mostra A Mecânica do Olho Político – Ken Jacobs;
  9. Mostra Arqueologia da Paisagem – George Clark;
  10. Lançamento Box Aloísio Raulino; 
  11. Exibições Especiais, com os filmes Beduíno, de Júlio Bressane(Brasil, 2016, 75’) e Guerra do Paraguay, de Luis Rosemberg Filho (Brasil, 2016, 75’). 

A curadoria das mostras fica a cargo de Marcela Borela, Henrique Borela e Rafael Parrode. As sessões têm custos populares, e o Fronteira, junto com a BIS, organiza venda de pacotes para reduzir ainda mais esse valor de ingressos. O pacote custa R$ 50,00, com direito à entrada em todas as sessões. Além disto, o Fronteira oferece gratuitamente a Residência ESTADO CRÍTICO, que esse ano abrirá 10 vagas, destinadas exclusivamente a mulheres. A residência será coordenada por Dalila Camargo Martins, mestre em Meios e Processos Audiovisuais na área de História e Teoria e Crítica (ECA/USP) e crítica de cinema da Revista Cinética, e também por Janaína Oliveira, doutora em História pela PUC/RJ e pesquisadora ligada ao FICINE – Fórum de Cinema Negro. Além disto, no domingo, 19/03, acontece uma Masteclass com Boris Lehman, também gratuita.

O Fronteira é realizado pela produtora Barroca e conta com recursos do Fundo Estadual de Cultura de Goiás, da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Goiás (Lei Goyazes) e da Lei Municipal de Incentivo à Cultura. Já o BIS é uma realização da F64 Filmes, com apoio do Fundo Estadual de Cultura de Goiás e da Lei Municipal de Incentivo à Cultura.

Boris Lehman e Ken Jacobs: grandes nomes do cinema experimental internacional terão mostras especiais na programação do iii festival fronteira

Em 2017 o Fronteira receberá pessoalmente Boris Lehman, além da mostra dedicada a Ken Jacobs. Eles são dois dos maiores cineastas experimentais vivos.

Diretor de mais de 500 filmes, Lehman apresentará seu novo, e segundo ele, último filme de sua carreira. O longa “Funerais – a arte de morrer” faz parte das centenas de filmes que falam da Bélgica ou sobre ele mesmo, de alguma forma. Ele participará de debates após a exibição de seus filmes e também ministrará uma master class no domingo 19, às 10h. Além de sua última produção, serão exibidos “Coisas que me conectam a outros seres” (2010) e “L’Art de S’Égarer ou L’Image du Bonheur” (2011-2014).

Dono de uma forma peculiar de trabalhar, Jacobs terá dois filmes exibidos no festival. “Ele trabalha intervindo diretamente sobre o filme, sobre a película. Ele pega a película, faz uma animação, uma rotoscopia, entre outras técnicas, pra transformar a película antiga numa experiência de terceira dimensão. São filmes muito cuidados esteticamente, e são únicos. São filmes singulares”, comentam os curadores do Fronteira sobre a forma como ele intervém diretamente sobre o filme. Os filmes que compõem a mostra “A mecânica do olho político” são “Another Occupation” e “Seeking the Monkey King”De acordo com Rafael Parrode, o tema deste programa é incendiário ao expor as mazelas do capitalismo.

Além destas mostras, haverá ainda uma dedicada a paisagens composta por 11 filmes. Colaborador desde a primeira edição do Festival Fronteira, Toni D’Angela foi quem enviou esta mostra especial para Goiânia. Trata-se de corrente de estudos que faz sobre a paisagem do cinema. O espectador, nesta programação, pode esperar por animação em 2D, stop-motion sobre papel, found-footage (técnica de filmes feitos a partir de imagens de arquivo).

Filme de abertura faz estreia mundial em Goiânia

A abertura dos dois eventos é conjunta e acontece no CINE RITZ, na quinta-feira, 16 de março, às 20h, com ENTRADA FRANCA. Neste dia, o público de Goiânia terá, mais uma vez, a chance de cruzar seu cotidiano com a obra de uma mulher nova-iorquina convulsa, que retira os pingos dos “is” e os transforma em holofotes, propondo uma leitura de mundo que não passa pela linearidade ou pelas convenções poéticas do cinema catártico.

Abigail Child oferece sua mais nova estreia mundial a uma casa já conhecida e com a qual se identifica. A cineasta, que tem mais de 30 anos de carreira e seu trabalho preservado como patrimônio cultural americano pela Cinemateca da Universidade de Harvard, esteve em Goiânia em 2014 para o I Fronteira e levou daqui a certeza de um trabalho consistente em apoio a uma produção audiovisual transgressora. Por essa empatia, Abigal se propôs a estrear seu mais novo filme neste momento e neste lugar. Acts & Intermissions é a obra que abre o III Festival Fronteira e a I Bienal do Cinema Sonoro, inter-relacionando os ambientes da busca pelo filme fronteiriço – característica do FFF – com o desejo de estruturar os estudos do som para o cinema – ocupação da BIS.

Fronteira Festival traz a Goiânia a obra da cineasta portuguesa Rita Azevedo Gomes

A terceira edição do Fronteira Festival do Filme Documentário e Experimental traz a Goiânia uma mostra dedicada aos filmes da cineasta portuguesa Rita Azevedo Gomes. Uma retrospectiva que contará com exibições de seus principais trabalhos e com debate com a própria artista, via Skype, após as sessões. Segundo Rafael Parrode, curador da Retrospectiva Rita Azevedo Gomes, a cineasta portuguesa, apesar de uma carreira de mais de 30 anos, realizou poucos filmes, mas feitos com muito tempo, paciência, alma e paixão. Ele diz ainda que apesar de ser um trabalho sem precedentes no cinema, reconhecido e exibido por diversos festivais na Europa e na Ásia, esta será a primeira vez que o Brasil recebe uma mostra dedicada a ela.

Links de trailers:

Correspondências: https://www.youtube.com/watch?v=pa426Y8T-UE

A vingança de uma mulher: https://www.youtube.com/watch?v=mY7m7Uqdf-o

O som da terra a tremer: https://www.youtube.com/watch?v=XFXR1WyDJTs

Filmes selecionados para competição Fronteira

O III Fronteira anuncia os selecionados para as mostras competitivas de curtas e longas metragens. Foram selecionados 6 longas e 16 curtas, vindos dos mais diversos países como Brasil, Colômbia, Equador, Argentina, México, Síria, EUA, Jamaica, Portugal, Espanha, França, Reino Unido e Filipinas. O resultado está disponível no site: www.fronteirafestival.comSleep Has Her House, de Scott Barley e Dos Sueños Después, de Pilar Monsell fazem sua premiére mundial no festival que ainda conta com filmes inéditos no Brasil e na América Latina. A curadoria das Mostras Competitivas do III Fronteira ficou a cargo de Camilla Margarida, Henrique Borela, Marcela Borela e Rafael Parrode.

VER Cinema – Encontro Internacional de Programadores de Cinema

Entre os dias 20 e 22 de março de 2017 acontece o Ver Cinema – Encontro Internacional de Programadores de Cinema. O evento acontece de forma paralela ao III Fronteira Festival Internacional do Filme Documentário e Experimental, e tem o objetivo de reunir profissionais e pesquisadores que pensam a programação brasileira de filmes e obras audiovisuais, o Ver Cinema abre a todos os interessados a oportunidade de debater e repensar a relação do público com as criações audiovisuais produzidas e exibidas em todo o mundo.

Entre os convidados internacionais estão: Angél Ruèda (Espanha). Programador, curador e cineasta, Ruèda é diretor e fundador da (S8) Mostra Internacional de Cinema Periférico, um evento único na Espanha, com especial destaque para cinema de vanguarda, performance cinematográfica e cinema expandido; e Cíntia Gil (Portugal), que é codiretora do DocLisboa – Festival Internacional de Cinema e membro do conselho da Apordoc – Associação Portuguesa de Documentários. De outros estados, contaremos com a participação de Eduardo Valente (Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e Festival de Berlim – Berlinale) e Janaína Oliveira (Fórum de Cinema Negro e Festival PanAfricano de Cinema), ambos do Rio de Janeiro, além de Júnia Torres (Fórum.doc.bh – Festival do Filme Documentário e Etnográfico – Fórum de Antropologia e Cinema) e Marisa Merlo (Olhar de Cinema – Festival Internacional de Cinema e Curitiba / BIS – Bienal de Cinema Sonoro), ambas de Belo Horizonte. Entre os participantes que hoje vivem em Goiânia, fazem parte das mesas: Camilla Margarida (CAMIRA – Cinema and Moving Image Research Assembly); Fabrício Cordeiro (Cine Cultura – Sala Eduardo Benfica/ Goiânia Mostra Curtas); Rafael Parrode (Fronteira – Festival Internacional do Filme Documentário e Experimental); Marcela Borela (Fronteira Festival e Cine Mutamba) e Marcelo Ribeiro (Incinerrante.com), como mediadores.

O evento é gratuito, aberto a toda a população e ocorre no formato de 3 (três) mesas temáticas, que reúnem convidados brasileiros e estrangeiros, que participam do encontro como colaboradores propositivos. Para aqueles que desejarem um certificado, é necessário fazer a inscrição por meio do link: http://migre.me/wa7IN.

O Encontro Ver Cinema acontece com o apoio institucional da Prefeitura de Goiânia e da Lei Municipal de Incentivo à Cultura. Também são parceiros da ação: III Fronteira – Festival Internacional do Filme Documentário e Experimental; Barroca Filmes; Cinema and Moving Image Research Assembly (Camira) – Brasil; Centro Cultural da UFG (CCUFG); Bienal Internacional do Cinema Sonoro (BIS) e Incinerrante. (Ana Paula Mota)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.