Patricia Finotti

Evento terminou no domingo, após mais um dia de competições, workshops e apresentações especiais, além da Gala dos Vencedores
 
A quinta edição do Festival Internacional de Dança de Goiás foi encerrada neste domingo (09), num total de cinco dias de programação intensa. As atividades foram divididas entre o Centro Cultural Oscar Niemeyer, onde o público teve entrada completamente gratuita, e o Studio Dançarte. O evento foi realizado pelo Studio Dançarte, das irmãs Gisela e Ariadna Vaz, com apoio do Governo de Goiás e do Conselho Brasileiro da Dança (CBDD).
Mais de 800 bailarinos que vieram de estados de todas as regiões brasileiras participaram das Mostras Competitiva e Não Competitiva e dos workshops com grandes profissionais do Brasil, Chile e México. As modalidades das competições foram Ballet Clássico de Repertório, Ballet Clássico Livre, Dança Contemporânea, Jazz, Estilo Livre, Danças Urbanas, Sapateado e Danças Populares. 
As categorias foram: Infantil (de 7 a 9 anos), Júnior (de 10 a 12 anos), Juvenil (de 13 a 15 anos), Adulto (de 16 a 18 anos) e Avançado (acima de 19 anos). Já as oficinas de diversos estilos foram ministradas ao longo de todo o evento pela chilena Natalia Berrios, o mexicano Omar Carrum e os brasileiros Alice Arja, Danilo Santana, Tíndaro Silvano, Eliane Fetzer, Erick Gutierrez, Karla Mendes e Israel Alves. 
O domingo (09) foi marcado por workshops de quatro profissionais, a Mostra Competitiva, apresentações especiais de um solo de sapateado e de um musical, a Gala dos Vencedores e a premiação especial para os competidores, que soma R$ 49 mil. Além disso, foram entregues bolsas de estudo para diversas instituições de ensino de dança, entre outros prêmios. 
Com exceção das oficinas, todas as atividades foram realizadas no Centro Cultural Oscar Niemeyer, onde o público teve acesso a uma lanchonete e serviços de filmagem, com a empresa STvi, e de fotografias, com Oswaldo Neto. Também foi realizada a Feira da Dança, com artigos de dança das lojas Capezio, Só Dança, Dancin e Biju Ballet.
 
Premiados
Os prêmios especiais de toda a Mostra Competitiva foram entregues durante o encerramento do evento, na última atividade do domingo. O Festival Internacional de Dança de Goiás oferece uma das melhores premiações em dinheiro entre os eventos da área no Brasil. Os jurados escolheram o Raça Centro de Artes, de São Paulo (SP), como o Melhor Grupo, recebendo R$ 15 mil. A diretora executiva do grupo, Cristina Morales, avalia que o prêmio é muito importante: “Nós trouxemos 49 bailarinos, que não economizaram um momento sequer de preparo para estar aqui”. 
Ela ainda elogiou o evento, considerando que o festival trouxe linguagens variadas de dança dentro de cada segmento, e os jurados, por contribuírem para o crescimento dos participantes. Em sua primeira participação no Festival Internacional de Dança de Goiás, Edson Rafael Jorge, da Academia Corpus, de São José dos Campos (SP), levou o título de Melhor Bailarino, com o prêmio de R$ 10 mil. O bailarino de Danças Urbanas também vibrou com a proporção do evento, citando a estrutura, a organização e o talento dos competidores. 
Houve um empate para Melhor Bailarina, sendo escolhidas Scarlet Morena, do Monique Paes Stúdio de Dança, de Jacareí (SP), e Danielle Marinho, que é do Conservatório Brasileiro de Dança, do Rio de Janeiro (RJ). O prêmio de R$ 10 mil foi dividido igualmente entre as duas. Esse é o primeiro prêmio especial que Danielle Marinho recebe no festival, sendo que ela já havia participado da edição de 2015. “É incrível [ganhar], porque a gente trabalha muito e se esforça, todos os dias tem ensaio. Às vezes, a gente perde lazer e momentos com a família e os amigos, mas ganhamos essas recompensas e, acima disso, o reconhecimento do público”, analisa. 
Scarlet Morena, que esteve no evento pela primeira vez, também conta que o trabalho de preparação demanda muito de si mesma. “Eu fico muito feliz ao ver o reconhecimento do meu trabalho, por meio dessa premiação”, comemora a bailarina, que se apresentou no estilo jazz. Ela também comentou que as críticas que recebe de profissionais da dança contribuem para que ela evolua cada vez mais. A escolhida como Bailarina Revelação foi Ana Maria Medeiros, do grupo Jazz e Cia., de João Pessoa (PB), que também competiu no festival goiano pela primeira vez. 
Para a jovem bailarina de 12 anos, a experiência no evento é uma forma de aprender mais e o prêmio é um incentivo para continuar dançando. Ela recebeu uma quantia de R$ 6 mil e ainda foi convidada para participar do espetáculo “A Bela Adormecida”, que será realizado pelo Studio Dançarte em dezembro. Com uma premiação no mesmo valor, o Melhor Coreógrafo foi Jhean Allex, do Raça Centro de Artes, de São Paulo (SP). O coreógrafo comemora a escolha e avalia que “o maior prêmio é ver a felicidade que eles [os bailarinos] ficaram”, celebrando também o carinho e o respeito que vieram da plateia. 
Apesar de avaliarem que os trabalhos apresentados foram de alto nível, os jurados consideraram que nenhum grupo alcançou os requisitos necessários para ser premiado na categoria Melhor Grupo Infantil. Também durante o encerramento, o Conselho Brasileiro da Dança (CBDD) homenageou o coreógrafo Tíndaro Silvano com a Medalha de Mérito Artístico, em prol dos serviços prestados por ele na dança. Na cerimônia, foram entregues ainda bolsas de estudo para diversas instituições de dança dos Estados Unidos e do Brasil. 
Ao todo, nove bailarinos foram selecionados para a Miami City Ballet School, dos Estados Unidos. As bolsas integrais foram para Ana Maria Medeiros, do Jazz e Cia. (PB), e Glayson Mendes, do Ballet Márcia Sampaio (RJ), enquanto as duas bolsas de 50% foram separadas para Ana Clara Fonseca e Carolina Fernandes, ambas do Ballet Vera Bublitz (RS). Obtiveram bolsa de 30% as bailarinas Lorenza de Moraes, do Grupo Jovem Ballet Zulma Emrich (GO), e Marina Andrade, do Centro de Artes Pavarini (SP). 
Ana Alice Virgílio, do Ballet Paula Firetti (SP), Stephany Libretti, do Stúdio Líria Dourado (SP), e Victória Barroso, do Centro de Artes Pavarini (SP), conseguiram vagas para a Miami City Ballet School, sem bolsa. Vários bailarinos também foram selecionados para o Summer Brazil, que será realizado pelo Miami Ballet School. Ana Clara Fonseca e Lorenzzo Fernandes, ambos do Ballet Vera Bublitz (RS); e Guilherme Pivetti, do Ballet Márcia Bueno (SP), receberam bolsas integrais. 
Já as seguintes bailarinas receberam bolsa para o Summer Brazil com algum tipo de desconto: Ana Alice Virgílio, do Ballet Paula Firetti (SP); Giovanna Mozart, da Escola Carioca de Dança e Arte (RJ); Ana Clara Costa e Carolina Fernandes, ambas do Ballet Vera Bublitz (RS); Victória Barroso e Marina Andrade, as duas do Centro de Artes Pavarini (SP); Alanny Clara Nunes, do Ballet Farley Matos (GO); Júlia de Sá, do Conservatório Brasileiro de Dança (RJ); Fernanda Cristina Soares, Amanda Freitas e Rafaella Peres, as três do Corpo de Baile Noara Beltrami (DF); e Adrielly Coutinho, da Cia. Ballet Leidy Escobar (GO). 
O bailarino Glayson Mendes, do Ballet Márcia Sampaio (RJ), também ganhou uma bolsa integral para o Summer American Academy of Ballet, dos Estados Unidos, e foi convidado para abrir o CBDD Kids, evento que será promovido em agosto pelo Conselho Brasileiro da Dança, no Rio de Janeiro. Já o Ballet Vera Bublitz, de Porto Alegre (RS), foi convidado para fazer a abertura do Festival Internacional de Dança da Amazônia (FIDA), em outubro. O Eliane Fetzer Centro de Danças, que fica no Paraná, concedeu um curso intensivo de jazz para o bailarino João Vitor Palma, do Raça Centro de Artes (SP).
Duas bolsas integrais para um curso do Arte Minas, de Minas Gerais, foram concedidas para os bailarinos Kaue Augusto Vieira, da Especial Academia de Ballet (SP), e Rafaella Peres, do Corpo de Baile Noara Beltrami (DF). O Studio Dançarte também deu bolsas para dois cursos: o Intensivo de Férias para a bailarina Karen Santos, do Ebateca (BA); e o Intensivo de Metodologia para Professores de Ballet Clássico para a professora Thamires França, da Cia. Infantil Aletheia Martins (GO). Já a dupla Luanna Gondim e Marcos Yago Guerreiro, da Cia. Jovem Bolshoi Brasil (SC), foi convidada para o espetáculo “O Quebra Nozes”, que será apresentado em dezembro, em Minas Gerais. 
 
Oficinas
Mais cedo, a primeira atividade do domingo (09) foi a última parte da oficina de musical adulto do professor Danilo Santana, num total de quatro dias de aulas, realizadas sempre das 11h30 às 13 horas. Formado em Dança pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Santana é diretor e coreógrafo da Cia. Goiana de Musicais. O mexicano Omar Carrum também ministrou a última de suas três aulas do workshop de contemporâneo intermediário e avançado, das 13 horas às 14h45. Carrum integra a Delfos Dança Contemporânea desde 1993 e é cofundador e diretor da Escola Profissional de Dança de Mazatlán, no México.
As duas últimas oficinas de Danças Urbanas também foram ministradas no domingo, sendo comandadas por dois professores em sequência e ministradas em conjunto das 14h45 às 16h45. A primeira parte foi passada pelo mineiro Israel Alves, que iniciou sua vivência com o Dancehall em 2008, por meio dos ensinamentos da coreógrafa e bailarina Laure Courtellemont. Ele foi o primeiro brasileiro a vencer o Juste Debout, maior evento internacional de danças urbanas, disputando na categoria Dancehall. A conquista aconteceu na edição de 2017, em Paris, com a dupla formada pelo brasileiro e a australiana Nadiah Idris. 
Israel Alves explica que a cultura Dancehall vem da Jamaica, destacando que o país enfrenta muitas dificuldades em vários âmbitos. “Quando isso vai para o mundo, passa a não ser só cultura e acaba virando arte, que é o que vem sendo praticado no Brasil. A gente busca respeitar uma cultura que não é nossa, mas a gente pensa muito mais artisticamente do que culturalmente”. Ele acredita ainda que o Dancehall pode ser utilizado como ferramenta social para trabalhar problemas do Brasil e de outros países. Participando pela primeira vez do Festival Internacional de Dança de Goiás, ele elogiou a versatilidade dos bailarinos de Danças Urbanas no evento. 
Já a segunda parte do workshop de Danças Urbanas foi comandada por uma das principais pioneiras e referência da cultura Dancehall no Brasil, Karla Mendes, que atuou como coreógrafa assistente da cerimônia de abertura das Paralimpíadas RIO 2016, no Rio de Janeiro, tendo também dançado na cerimônia de encerramento dos jogos. “Esse foi o maior e o melhor trabalho da minha vida”, comemorou a coreógrafa, destacando a grandiosidade do evento e a riqueza do contato com os atletas paralímpicos e com os voluntários que se apresentaram. 
Quanto às Danças Urbanas, a profissional avaliou que o Brasil tem bailarinos com muito talento e potencial, mas que ainda falta mais disciplina e união para que se alcance um alto nível nesse estilo. “Nós podemos ser não só o país da alegria, mas também um país de referência nas Danças Urbanas. Não adianta só o potencial e o talento; o trabalho é determinante”, ressalta. Ela reforça também que as Danças Urbanas trazem uma questão social importante desde a sua origem. 
“A raiz das Danças Urbanas são pessoas de uma classe social que não têm privilégios e que estão lutando por uma saída para essa situação. É uma dança de manifestação, em que as pessoas usam a arte para falar dessa situação”, explica Karla Mendes, que contou ter ouvido relatos de bailarinos que encontraram na dança uma alternativa para não entrarem para o tráfico de drogas, por exemplo. Todos os workshops foram ministrados na unidade do Studio Dançarte que fica no térreo do Edifício Brookfield Tower, localizado na Avenida Jamel Cecílio nº 2929, esquina com a Rua 56, no Jardim Goiás. Na unidade, o público teve acesso a uma lanchonete.
 
Competições e apresentações especiais
A última bateria de coreografias da Mostra Competitiva foi realizada também no domingo (09), às 17 horas, no Centro Cultual Oscar Niemeyer, com 58 bailarinos. Os participantes apresentaram solos, duos e trios de Jazz, solos, duos e trios de Danças Urbanas e conjuntos de Sapateado. O corpo de jurados para as danças urbanas foi composto por Israel Alves, Karla Mendes e Erick Gutierrez, que é referência do sapateado no Brasil, tendo integrado o elenco do aclamado musical da Broadway “Os Produtores”, dirigido por Miguel Falabella, além de ter dado aulas de sapateado para os outros integrantes. 
Já os professores que avaliaram as coreografias de jazz e sapateado foram Erick Gutierrez, Omar Carrum e Tíndaro Silvano, que atuou nas companhias do Palácio das Artes, do Ballet Guaíra, e do Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, todas do Brasil, e do Ballet Gulbenkian, de Lisboa. Às 19 horas, antes da entrega dos prêmios especiais, foram realizadas as apresentações especiais do último dia do evento, começando pela de sapateado do professor Erick Gutierrez, que fez um solo improvisado com um pot-pourri de músicas pop. 
Em seguida, foi a vez de um musical inspirado em “La La Land”, desenvolvido durante o workshop desse estilo pelo professor Danilo Santana. O musical foi apresentado pelos alunos da oficina. Depois do musical, teve início a Gala dos Vencedores, com a apresentação de todas as coreografias do festival que ficaram em primeiro lugar nas suas respectivas modalidades e categorias. Ao todo, 24 coreografias foram escolhidas em primeiro lugar ao longo dos cinco dias de evento. (OlhO Comunicação Estratégica)

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