*** por Alessandra Fonseca
Crise. Essa é a palavra do ano. Os níveis de desemprego nunca foram tão altos, principalmente entre os profissionais com boa formação e alta escolaridade. Como resultado desse cenário, quem ainda tem emprego está com os nervos a flor da pele, com uma insegurança diária sobre as incertezas de um futuro próximo. E quem já não tem mais, enfrenta uma concorrência acirrada na busca pela recolocação. Mais do que nunca, é necessário se diferenciar, tanto entre os inúmeros candidatos a uma mesma vaga como dentro da equipe de trabalho, agregando valor aos resultados da organização.
Dentro de um contexto de tensão generalizada, o profissional que consegue gerenciar suas emoções se destaca, não só por administrar melhor seus sentimentos e humores, mas principalmente por fazer escolhas mais inteligentes e sensatas e, assim, lidar de forma mais madura com a realidade. Afinal, bom currículo e formação de qualidade não são mais os principais fatores que uma organização considera na contratação de um profissional. Características como capacidade de se adaptar facilmente a diversas situações, de ter consciência dos próprios sentimentos e saber administrá-los, de persistir diante de fracassos e dificuldades e de perceber – e lidar – com o que as outras pessoas sentem tornam esse indivíduo capaz de administrar os desafios do dia a dia com muito mais confiança, segurança e assertividade.
Invista na sua inteligência emocional. Esse tem sido um dos principais conselhos nos processos de coaching que conduzo. Parece óbvio, mas são inúmeros os profissionais que estão tão envolvidos com as amarguras coletivas que não refletem sobre seus próprios caminhos, não param para buscar o autoconhecimento, refletir, estudar o tema. Vejo executivos altamente competentes tecnicamente, mas extremamente agressivos e infelizes por não serem bons líderes, por não conseguirem se relacionar bem no ambiente profissional e, o pior, adoecendo por não saberem gerenciar as adversidades e os processos de mudança, cada vez mais comuns.
A maioria das organizações, aliás, sabe que respeitar a individualidade dos seus colaboradores é uma questão chave para um futuro de sucesso e, por isso, estimula avaliações individuais e desenvolvimento personalizado de competências e habilidades. Cada um deve ser visto como um sistema interdependente, que contribui de forma particular com o todo, com um objetivo comum. Ambientes compostos por profissionais multidisciplinares, com habilidades diversas, são mais produtivos.
Portanto, é necessário, mais do que nunca, buscar o autoconhecimento, descobrir quais são as melhores habilidades e trabalhar no desenvolvimento das competências necessárias para aumentar o QE – quociente emocional; analisar comportamentos, valores, crenças, características pessoais e como esses aspectos estão influenciando o desempenho profissional. Aliás, autoconsciência é a palavra-chave nesse processo. Para conseguir controlar a raiva, por exemplo, é preciso ter consciência daquilo que a provoca e de como essa emoção nos afeta. Para driblar o desânimo e conseguir se motivar, é necessário avaliar se alguma percepção negativa sobre si mesmo está sabotando os estímulos para desenvolver aquele trabalho.
Outro ponto importante: controlar as emoções é diferente de reprimi-las. O ideal é saber identificá-las e compreendê-las considerando causas, pensamentos, avaliações, atitudes, etc. O segredo é usar o sistema emocional para estimular energia numa direção específica, com um propósito. Por exemplo: você tem que redigir um relatório complicado. Por isso, adia a tarefa ao máximo e ocupa-se com outras coisas. O ideal seria reconhecer que está faltando motivação, procurar o que pode haver de interessante na tarefa – ou em recompensas ligadas a ela – e finalizar o trabalho. De maneira geral, as pessoas sabem o que fazer, mas não treinam sua habilidade de resolver problemas e enfrentar desafios, por meio de uma postura mais proativa.
Trabalhar a seu favor: essa deveria ser a meta de todos os profissionais nesse momento. Ao desenvolver os potenciais emocionais, aprendendo a gerenciar melhor as dificuldades, a trabalhar eficientemente com equipes e melhorar a capacidade de resolução de conflitos, as chances de se manter ativo e bem empregado mesmo em momentos de alta turbulência serão consideravelmente maiores.
*** Alessandra Fonseca Coach, Instrutora, Palestrante e Consultora Organizacional; sócia-proprietária da ConsultaRH