Eduardo Gambier
O dia 21 de março foi escolhido para ser o Dia da Conscientização da Cefaleia em Salvas. Esta forma de cefaleia relativamente rara é extremamente incapacitante, e o diagnóstico pode levar anos para ser feito corretamente, muitas vezes por não ser reconhecido pelo paciente ou pelos médicos.
Considerada uma das dores mais intensas que o ser humano é capaz de sentir, a salvar recebeu o apelido de “Cefaleia do Suicida”.
Apesar de ser mais comum em homens, pode acontecer também em mulheres. É comum que seu início aconteça antes dos 30 anos, mas pode acontecer até os 50 anos, sendo rara após esse período. Autoridade no assunto, o Dr. Márcio Nattan detalha: “As crises são caracterizadas por dor excruciante, que acontece de um lado da cabeça, na região do olho ou ao redor. Cada crise pode durar de 15 minutos a 3 horas. As crises se repetem de uma vez a cada dois dias até 8 vezes por dia”.
O especialista ainda frisa que outros sintomas também podem acontecer: “O olho dolorido pode lacrimejar, ficar vermelho, a pálpebra pode ficar edemaciada ou levemente fechada, a face pode ter sudorese do mesmo lado e até agitação intensa, contrariando a enxaqueca, em que as as pessoas costumam ficar paradas ou deitadas para não piorar a dor, na cefaleia em salvas a pessoa geralmente se levanta e se sente muito inquieta”.
Um episódio de salvas pode durar de poucas semanas a meses, mas, quando dura pelo menos três meses sem interrupção, é chamada de salvas crônica.
Existem duas formas de cefaleia em salvas. A primária é quando a doença não tem uma outra causa. Nesse caso, sabe-se que o hipotálamo, uma região importante do cérebro que controla o ciclo de sono e vigília, é afetado, e por isso as crises
Outra forma de cefaleia em salvas é a secundária, que pode ser causada por diversas doenças como tumor cerebral, ou doenças arteriais do crânio e do pescoço.
Na suspeita de cefaleia em salvas é fundamental procurar ajuda médica para o diagnóstico correto. O tratamento da cefaleia em salvas é composto de três partes: tratamento das crises, tratamento de ponte e tratamento preventivo. Quando a cefaleia em salvas é secundária a uma outra doença, o tratamento desta pode levar ao controle das dores.
Sobre o Dr. Marcio Nattan:
O doutor Marcio Nattan é formado em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e em Neurologia pelo Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.
Atua como coordenador do Programa de Aprimoramento em Cefaleia do Hospital das Clínicas da USP, é membro do Comitê de Educação da Sociedade Internacional de Cefaleias e coordena do Protocolo Nacional de Cefaleias da United Health Group.
Dr. Marcio Nattan afirma que “o objetivo do seu trabalho vai além de oferecer tratamentos para dores de cabeça, e é dar o suporte necessário para que essas pessoas recuperem sua qualidade de vida”. As cefaleias são a segunda causa de anos vividos com incapacidade e dados recentes demonstram que o impacto vai além do sofrimento pessoal, atingindo a vida profissional, social e familiar.