Patricia Finotti

Naiara Gonçalves

Oncologista reforça a necessidade de imunização, mas pondera que cuidados devem ser tomados

Com a chegada das vacinas contra Covid-19, surge uma dúvida recorrente: pacientes oncológicos podem ser imunizados? O médico oncologista clínico, Gabriel Felipe Santiago, responde que sim, mas destaca que alguns cuidados devem ser tomados. Segundo ele, é preciso entender que tais pacientes estão entre os grupos de risco e, por isso, devem ser imunizados o mais rápido possível.

“Em caso de contágio, as consequências da Covid-19 podem agravar o quadro clínico, devido à baixa imunidade e resistência imunológica. Desta forma, os sintomas do coronavírus podem se manifestar de forma mais agressiva nestes pacientes”, alerta o especialista.

Outra dúvida comum é sobre o melhor momento para que pacientes oncológicos sejam vacinados. De acordo com Gabriel, o ideal é que a vacina seja administrada antes do início do tratamento contra o câncer. Porém, caso não seja possível, pacientes em tratamento – incluindo em terapia imunossupressora, quimioterapia, hormonioterapia e imunoterapia – ou que terminaram o tratamento recentemente também devem ser imunizados contra a Covid-19.

Vacina recomendada – Sabendo da necessidade da imunização, é necessário entender qual é a melhor opção de vacina nestes casos. O oncologista explica que pacientes em terapia imunossupressora, em especial a quimioterapia, devem ser vacinados preferencialmente com a vacina CoronaVac, produzida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, utilizando o método de vírus inativado.

“Nas vacinas com vírus inativado, o vírus é cultivado em células de origem animal ou vegetal, fazendo com que ele se reproduza. Depois disso, ele é inativado com produtos químicos ou fontes de calor. Assim, o vírus estará presente na vacina, porém morto, não podendo desenvolver nenhum tipo de doença. Ou seja, o organismo identifica o vírus morto presente ali e é ‘enganado’, fazendo com que produza anticorpos para combatê-lo”, explica Gabriel.

Efeitos colaterais – Gabriel Santiago ressalta que os efeitos colaterais que podem surgir em pacientes oncológicos com as vacinas de vírus vivo atenuado não atingem pessoas saudáveis, pois a carga viral usada é pequena. “Ainda não existem estudos específicos e aprofundados sobre a vacina nestes indivíduos, mas os resultados apresentados em pessoas que já tomaram a vacina se mostraram satisfatórios. Por esse motivo, a imunização é recomendada pelos especialistas”, diz.

Uma questão levantada pelo especialista é o fato de que os efeitos das vacinas em pacientes oncológicos não apresentarão a mesma eficácia que em pacientes saudáveis, devido a todo histórico médico do paciente e limitações do organismo. “Não existe uma regra que se aplica para todas as pessoas, já que cada organismo reage de modo diferente ao tratamento contra o câncer e aos efeitos da Covid-19. Diante disso, é importante buscar um especialista da área para se informar sobre a melhor forma de conduzir o tratamento do coronavírus. O amparo de uma equipe médica é sempre o mais indicado”, aconselha.

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