Espetáculo performativo encadeia os processos de perdão vividos por um corpo feminino por meio da linguagem do Teatro Contemporâneo
Um corpo feminino se ergue sobre uma bacia, desequilibra, cai, levanta. O vestido negro e os cabelos desalinhados acompanham a expressão na face de mulher. É a culpa exposta no espetáculo de Teatro Contemporâneo “Não Posso Esqucer”, apresentado no prédio de Oficinas da Escola de Música e Artes Cênicas (Emac), da Universidade Federal de Goiás (UFG).
Elementos da linguagem teatral e da performance compõem a peça, que teve criação compartilhada. Os processos de constituição de “Não Posso Esqucer” – com grafia propositalmente incorreta – envolveram a participação de discentes e professores da Emac, que promoveram uma investigação cênica, com diversas referências, entre elas o poema Ventania, de Cecília Meireles, e a instalação Desert Park, de Dominique Gonzalez-Foerster, que está permanentemente exposta no Centro de Arte Contemporânea Inhotim.
O cenário escolhido tem relação direta com o contexto da peça, que é encenada de frente ao paredão de raízes e tronco de uma gameleira, que apesar de mutilada por diversas podas e queimadas, resiste com um grupamento de copa, que denuncia a vida na árvore. É um “templo do perdão”, conforme a referência dos processos de criação da peça. E é sobre o ato de perdoar em relação a si, que trata o espetáculo.
Encenada pela professora Maria Ângela de Ambrosis, Não posso esqucer, traz, por meio da performance, o percurso de um corpo feminino no perdão, na autoindulgência, indo do pó ao renascimento, que sai do convulsionamento de suas bacias, e vagueia em direção à imersão em si.
A temporada de apresentações conta nove dias confirmados, e tem o apoio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura, e do IPU (Grupo de Estudo Interdisciplinar Corpo, Jogo e Criação Cênica) da UFG.
Debate
Após a apresentação do dia 18 de novembro, a produção da peça vai promover uma roda de debates com a participação da bailarina, fotógrafa e jornalista, Camila Vinhas. A presença cênica será abordada quanto a pesquisa sobre a educação somática, que é um campo teórico-prático que trabalha o movimento do corpo como promovedor de diversas transformações no sujeito. (Mário Manzi)
Serviço
Temporada : dias 05; 06; 18; 19; 20; 26 e 27 de novembro e 04 e 05 de dezembro
Local: Oficinas da EMAC/ UFG, Campus I, praça Universitária (atrás do Museu de Antropologia da UFG)
Horário: 20 horas