Patricia Finotti

“O avesso do avesso do avesso” é o título da exposição que a Potrich Galeria de Arte abrirá  terça feira próxima, dia 25, às 19 horas,  reunindo obras de três artistas do Estado de Goiás: Marilda Passos, Rossana Jardim e Telma Alves.  Marilda reside e trabalha em Goiânia e São Paulo, Rossana Jardim, em Goiânia, e Telma Alves, em Aparecida de Goiânia. 

O título da mostra  foi inspirado na canção Sampa, de Caetano Veloso, na qual o compositor e intérprete baiano refere-se à realidade paulistana,  com a expressão “o avesso do avesso do avesso do avesso”. “Parodiando o compositor e intérprete baiano”- afirma o curador da exposição, Enock Sacramento – “propomos para esta mostra o título de O avesso do avesso do avesso. Invertemos apenas duas vezes o sentido da palavra, objetivando com isto sinalizar que as obras de Marilda Passos, Rossana Jardim e Telma Alves não se referem à realidade objetiva que as circunda, de caráter prosaico, mas a uma outra realidade, a da obra de arte, de natureza essencialmente poética”.

Marilda Passos expõe fotografias realizadas com pigmentos minerais sobre papel algodão. Suas obras resultaram de um  trabalho paciente e cuidadoso, que durou cerca de três anos.  Da sacada de seu apartamento-ateliê, na zona oeste de São Paulo, ela captou uma extensa série de imagens de dois prédios construídos sequencialmente – o segundo ainda não acabado – que ela viu crescer vagarosamente, a uma distância aproximada de 100 metros. Ela os fotografou quase todos os dias, em diferentes horas, com luzes e aproximações diversas. O resultado foram fotografias que passaram pelo crivo de rigorosos críticos de São Paulo e vem atraindo a atenção de colecionadores de arte e do público em geral. São imagens que quase nunca remetem às suas referências, constituindo-se numa nova realidade, sensível, independente e autônoma.

Ainda segundo o curador, Rossana Jardim, na série exposta na Potrich, tem também na geometria um dos pontos angulares de sua poética. Ela nos apresenta técnicas mistas sobre tela que se constituem em verdadeiros objetos artísticos. Presilhas ou grampos metálicos utilizados para fixação de papéis em pastas de escritórios protagonizam a materialidade da série “Mutantes”, iniciada em 2011 e agora retomada. Justapostas e fixadas abertas sobre tela, estas peças, com parte de suas superfícies printadas ou não, criam uma espécie de retábulo multifacetado cuja configuração depende do ângulo de visão do espectador. Trata-se de obra singular que, mutatis mutandis, remete ao universo plástico do latino-americano Cruz-Diez, um dos expoentes mundiais da arte ótica e cinética, cujo trabalho questiona a estabilidade do real. Rossana tira forte partido do reflexo proporcionado pelas partes descobertas dos grampos que, em sua obra, são deslocados de suas funções originais e resignificados.

Telma Alves participa desta exposição com técnicas mistas sobre tela de sua produção recente nas quais dá sequência a um projeto de exploração de formas, cores, ritmos e texturas que vem desenvolvendo ao longo de sua carreira. Sua obra se afasta das apresentas pelas duas outras expositoras na medida em não utiliza elementos geométricos em sua fatura. Ela se realiza nos domínios do abstracionismo lírico. Telma é sobretudo uma pintora e seu tema é a própria pintura. Algumas de suas formas podem eventualmente remeter a figuras de um repertório arquetípico mas, no conjunto, não parece haver nelas referências à realidade que circundante, sendo mais prováveis alusões a imagens diluídas em sonhos e na memória. O resultado plástico é convincente e, segundo o curador,  sinaliza que a artista se encontra em uma boa fase de sua trajetória artística.

A mostra, realizada dentro do Programa Goyazes do Governo do Estado de Goiás, com apoio cultural da MD Distribuidora de Peças,  poderá ser vista  na Potrich Galeria de Arte, à Rua 53, nº 689, Jardim Goiás até o dia 27 de outubro, de segunda a sexta feira, das 10 às 12 horas e das 14 às 18 horas e aos sábados, com hora marcada pelo telefone (62) 3945-0451. A entrada é franqueada ao público. (Marilda Passos / Potrich Galeria de Arte)

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