Patricia Finotti

Mesmo fora da lista de exames obrigatórios de recém-nascidos, avaliação ainda na maternidade identifica alterações que causam dificuldade para andar

Foto 2 - Exame de movimentos simples identifica doença que pode comprometer os movimentos do bebê
Exame de movimentos simples identifica doença que pode comprometer os movimentos do bebê

Se você já teve filho ou contato com algum recém-nascido, deve ter ouvido sobre o teste do pezinho ou teste da orelhinha. Eles integram uma lista de, pelo menos, quatro exames obrigatórios realizados em bebês ainda na maternidade. Além desses, a equipe médica realiza outras avaliações de saúde preventivas não determinadas por lei, como o teste do quadril, que pode contribuir com o desenvolvimento saudável da criança. Pouco conhecido, o exame é simples e pode evitar dificuldades para andar ou limitação nos movimentos causada por alterações na bacia do recém-nascido.

O problema é congênito, mas é possível que surja apenas conforme o desenvolvimento da criança. Por isso, o teste deve ser precoce, ainda nas primeiras horas de vida do bebê, já que o chamado sinal de Ortolani desaparece após o primeiro mês de idade. Referência estadual em atendimento de casos de média e alta complexidade, o Hospital Materno Infantil (HMI) registra milhares de nascimentos durante o ano. Todas as crianças nascidas na unidade passam pelo teste do quadril, que já é rotina. Em Goiás, o exame pode se tornar obrigatório após aprovação do Projeto de lei nº 1856/15 pelos deputados estaduais que obriga a rede de saúde pública e privada goiana a realizar o exame nos recém-nascidos. Ele foi apreciado pelo governador Marconi Perillo e aguarda nova avaliação do Plenário.

Médico ortopedista do HMI, Luiz Fernando Jardim, destaca a importância do teste nos bebês. “Ele deve ser realizado após o nascimento, no primeiro exame físico realizado pelo pediatra na sala de parto”, afirma. Conhecido por Teste de Ortolani, o procedimento não causa dor. Consiste na flexão e abdução das pernas da criança para a verificação da estabilidade do quadril e/ou existência de luxação (deslocamento de dois ou mais ossos em relação ao ponto de articulação normal). “É rápido e não causa desconforto para a criança”, assegura Jardim. A manobra de Barlow também é realizada para identificar o quadril instável – situação em que a articulação sai do lugar ideal –, que pode evoluir para a luxação do quadril.

Durante o Teste de Ortolani, o médico pode perceber a luxação do quadril porque ele sente nas mãos o momento em que a articulação é recolocada no lugar. A constatação de alteração é denominada Displasia do Desenvolvimento do Quadril (DDQ), que pode comprometer a vida adulta devido à possibilidade de dor causada pelo encurtamento do membro inferior ou da osteoartrose (desgaste das cartilagens) precoce. “Quanto antes identificado, mais rápido e simples o tratamento”, destaca o ortopedista. Segundo ele, não há dados estatísticos no Brasil, mas a incidência de DDQ é de 1,5 casos a cada mil nascidos vivos.

Tratamento – Quando diagnosticada, a doença precisa ser tratada imediatamente para reduzir a articulação e estabilizar o quadril em uma posição segura. Após o teste e encaminhamento ao ortopedista, o especialista solicita uma ultrassonografia que diagnostica ou descarta uma eventual DDQ. Após os resultados, ele avalia e solicita acompanhamento médico por meio de exames de imagem e controle ortopédico periódico. Inicialmente, o bebê de até 6 meses de idade deve utilizar o suspensório de Pavlik por cerca de quatro meses para manter a estabilização da posição. “Esse procedimento resolve o problema na maior parte dos casos”, explica Luiz Fernando.

A cirurgia é indicada apenas para pacientes tratados tardiamente ou que não responderam ao tratamento usual. Nessa situação, há maiores riscos e tempo prolongado de imobilização para a correção do quadril. A origem da doença é desconhecida, mas pode estar relacionada com posição uterina (bebê sentado), sexo feminino, filho de mãe de primeira viagem, raça branca, mãe jovem, história familiar, recém-nascido com maiores peso e altura e com deformidades nos pés ou na coluna vertebral. “É mais comum em meninas e raro entre negros”, diz o ortopedista. (Bastidores – Assessoria de Comunicação)

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