Fevereiro roxo: dores da fibromialgia atingem 4 milhões de pessoas no Brasil

Karolina Vieira

Segundo pesquisa, 70% das pessoas que sofrem com a condição sentem dores de cinco a sete dias por semana. Protocolos desenvolvidos pela USP ajudam a estimular a resposta do organismo à dor

“Se não há cura, que ao menos haja conforto”. Esse é o mote do Fevereiro Roxo, mês de atenção às doenças Fibromialgia, Alzheimer e Lúpus, que têm em comum o fato de serem doenças sem cura. A fibromialgia afeta 4 milhões de pessoas no Brasil, principalmente mulheres de 35 a 44 anos, segundo dados da Sociedade Brasileira de Estudo da Dor (SBED).

“Dor é um fator subjetivo e sofre influência da fisiologia e até da cultura. Para afetar uma mulher – que fisiologicamente é mais resistente à dor – e deixar essa pessoa imobilizada, fadigada, cansada e reclamando de dor, o quadro deve ser no mínimo moderado a grave. As pessoas com dores moderadas tendem a tentar o tratamento medicamentoso. Os pacientes que têm chegado até nós, são pacientes com dores graves” quadros de vários anos, afirma o fisioterapeuta, doutor em Saúde Coletiva e diretor técnico do Espaço Estar Bem, Carlos Magno Neves.

Um estudo feito pela Universidade de Santa Catarina (UFSC) e Universidade de São Paulo (USP), em 2018, constatou que 38% das pessoas que sofrem com a doença considera que a dor interfere muito no trabalho e causa irritabilidade, enquanto 62% afirmam que interfere muito no sono. Incríveis 70% disseram que sentem dor constante de cinco a sete dias por semana.

Protocolo USP e terapias associadas como alternativa no tratamento de quadros graves

Atividades diárias comuns como lavar ou pentear o cabelo podem ser muito dolorosas para as pessoas que sofrem com a fibromialgia. “A tecnologia e os protocolos desenvolvidos por pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC), da Universidade de São Paulo (USP) são uma alternativa para pessoas que já sofrem de dores crônicas como a fibromialgia e buscam toda e qualquer forma de tratamento para aliviar as dores. Até o momento no Espaço Estar Bem tivemos somente um paciente do sexo masculino e o restante mulheres com quadros de fibromialgia”, explica o fisioterapeuta.

Tratamento não invasivo para dores crônicas

De acordo com Carlos Magno, a ciência tem avançado muito na forma como lida com a fisiologia e hoje, além de medicamentos novos existem também as terapias, que agora possuem comprovação científica, como é o caso da acupuntura. A laseracupuntura é um exemplo porque o princípio da acupuntura é estimular terminações nervosas e é possível fazer o mesmo estímulo sem introdução de agulha.

“A acupuntura, por muitos anos, foi considerada como charlatanismo e se tornou reconhecida com o advento da tomografia. Nossa forma de ciência conseguiu comprovar a validade da técnica e agregou o uso do laser como substituto das agulhas ”

As combinações dos outros aparelhos desenvolvidos pela USP têm os efeitos de tornar o próprio organismo reagente ao estímulo. “O ultrassom terapêutico, o laser e a utilização de pressão negativa não são nenhuma novidade e são usadas pela medicina e profissionais de saúde há décadas. A diferença são as dosagens e intensidades definidas pelos protocolos. Isso gera estímulos nas regiões periféricas do sistema nervoso que afetam o sistema nervoso central e libera substâncias que inibem e aliviam a dor. A vantagem é que essas substâncias não são medicamentos, são produzidas pelo próprio corpo”, finaliza Carlos Magno.

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