Fotojornalista Ricardo Beliel resgata memórias através de 125 fotos autorais e históricas que abordam o cangaço nordestino

(crédito: Memórias sangradas)

Compor Comunicação / Andrea Fambrini – Patricia Buarque

O livro eterniza pessoas, suas vivências, lembranças e o movimento que dominou o nordeste do país entre os anos de 1920 e 1940 em centenas de fotografias e retratos de descendentes do cangaço em 49 localidades do sertão nordestino.

Por meio de textos e principalmente, de imagens, Memórias sangradas entrelaça histórias de 43 personagens, residentes em 49 localidades, que vivenciaram o cangaço — fenômeno que dominou o interior de sete estados nordestinos entre os anos de 1920 e 1940. A partir de uma coletânea de 125 fotografias autorais e históricas o leitor adentra nos aspectos da vida sertaneja, que está se extinguindo nas suas tradições orais, e a própria experiência do autor em busca dessas histórias por mais de uma década. O livro de grande apelo visual e fotógrafico pode ser adquirido no site da Editora Olhares e foi lançado em dezembro 2021.

Sobre a obra

Beliel percorreu 11 mil quilômetros em nove viagens, entre 2007 e 2019, realizando uma investigação incessante para montar , através de suas lentes, o quebra-cabeças dessa história, que está para completar um século. Com sua vasta experiência em grandes reportagens, buscou os resquícios das memórias do cangaço. Enquanto era tempo, quis ouvir direto da fonte de quem conviveu com o movimento. No texto, os depoimentos diversos e a experiência pessoal do autor em busca de seus personagens nos próprios ambientes originais, são apresentados em uma narrativa mesclada por elementos das linguagens de reportagem, crônica histórica e, em parte, como um diário de viagem ilustrado por fotografia de personagens descendentes desse período histórico e marcante no Brasil.

“Que prazer ouvir prosas e histórias de vidas desse sertãozão sem porteira. Que entusiasmo há nas palavras, olhares e gestos daqueles que nos contam tantas histórias maravilhosas sem a arrogância dos que acreditam saber mais que os outros”, diz Beliel. “Esses sabem, sabendo de forma simples, as coisas essenciais de suas vidas. O coração do sertão nordestino, em cujas artérias empoeiradas circula o sangue que mantém a memória viva desses tempos do cangaço, pulsa nas coisas simples, nas conversas de fim de tarde, nas histórias que se revelam por entre olhares e gestos de generosa sabedoria”, afirma. “O sertão é Deus e o Diabo é a degola do Brasil.”

Segundo ele, ao completar oito décadas de suas mortes, Lampião e Maria Bonita parecem estar mais vivos do que nunca no imaginário coletivo dos que moram pelos quatro cantos do agreste e do semiárido nordestino. Seus nomes e vidas, embora não façam parte das lições escolares, são reconhecidos e reverenciados por qualquer cidadão brasileiro.

“O tema cangaço tem sido um estímulo permanente para a literatura, o cinema, as artes visuais e a cultura popular por mais de um século”, fala. “Com a riqueza semântica da tradição oral que os caracteriza, os relatos reunidos no livro ajudam a recuperar para a historiografia do país um caminho para redesenhar a memória e a mística da gente sertaneja, suas histórias entrelaçadas à época do cangaço, seus espaços sociais, religiosos e costumes.”

Sobre Ricardo Beliel

Inicia seu interesse por arte estudando gravura no MAM/RJ, com Fayga Ostrower, Ana Letycia e Ruddy Pozzati e no Centro de Estudos de Arte Ivan Serpa. Em 1973 começa a fotografar, trabalhando com músicos como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Egberto Gismonti e O Terço. Em 1976 entra para o jornalismo como fotógrafo contratado do jornal O Globo, passando depois por Manchete, Placar, Fatos e Fotos, Veja, Isto É, agência F-4, Manchete Esportiva, Jornal do Brasil e O Estado de São Paulo. Foi editor de Fotografia da revista Manchete e sub-editor no jornal Lance, no qual participou da equipe fundadora. Durante seis anos fez parte da agência GLMR & Saga Associés, em Paris, produzindo reportagens fotográficas na América Latina e África. Como jornalista e fotógrafo independente colaborou com Grands Reportages, Figaro Magazine, VSD Magazine, Time, National Geographic, Victory, Voyage, Colors, Geo, La Vanguardia, Los Tiempos, Ícaro, Terra, Próxima Viagem, Vice, Placar e Angola Hoje entre outros.

Recebeu da Organização Internacional de Jornalistas o prêmio Interpressphoto, e da Confederação de Jornalistas da União Soviética, o prêmio Alexander Rodchenko, ambos em 1991. Participou de 99 exposições em locais como Kunsthaus, em Zurich, Museo Carillo Gill, na cidade do México, Museo de Bellas Artes, em Caracas, Centro Cultural Banco do Brasil, Centro Cultural Telemar, Museu de Arte do Rio/MAR e Centro Cultural Justiça Federal, no Rio de Janeiro, e Museu de Arte de São Paulo.

É graduado em jornalismo na Faculdade Hélio Alonso e pós-graduado em Fotografia nas Ciências Sociais na Universidade Cândido Mendes, em Comunicação e Políticas Públicas na Escola de Comunicação/UFRJ e Teoria e Prática da Educação de Nível Superior na ESPM/RJ. Foi professor da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), na Universidade Estácio de Sá, na Universidade Candido Mendes e no Ateliê da Imagem. Jurado do Prêmio Petrobras de Jornalismo em 2018

Sobre o Rumos Itaú Cultural

Um dos maiores editais privados de financiamento de projetos culturais do país, o Programa Rumos, é realizado pelo Itaú Cultural desde 1997, fomentando a produção artística e cultural brasileira. A iniciativa recebeu mais de 75,8 mil inscrições desde a sua primeira edição, vindos de todos os estados do país e do exterior. Destes, foram contempladas 1,5 mil propostas nas cinco regiões brasileiras, que receberam o apoio do instituto para o desenvolvimento dos projetos selecionados nas mais diversas áreas de expressão ou de pesquisa.

Os trabalhos resultantes da seleção de todas as edições foram vistos por mais de 7 milhões de pessoas em todo o país. Além disso, mais de mil emissoras de rádio e televisão parceiras divulgaram os trabalhos selecionados.

Na última edição, de 2019-2020, os 11.246 projetos inscritos foram examinados, em uma primeira fase seletiva, por uma comissão composta por 40 avaliadores contratados pelo instituto entre as mais diversas áreas de atuação e regiões do país. Em seguida, passaram por um profundo processo de avaliação e análise por uma Comissão de Seleção multidisciplinar, formada por 23 profissionais que se inter-relacionam com a cultura brasileira, incluindo gestores da própria instituição. Foram selecionados 92 projetos.

Memórias sangradas: vida e morte nos tempos do cangaço

De Ricardo Beliel, pela Editora Olhares

320 páginas

Formato 18x25cm, capa dura

125 fotografias

Preço: R$ 129

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