Gabriela “hanabi hyuuga” é a garota da Rensga Esports GO

Race Comunicação / Lívia Caixeta

Gabriela “hanabi hyuuga” é suporte da Rensga GO (divulgação)

As mulheres são o maior público consumidor de jogos eletrônicos no Brasil, mas ainda enfrentam barreiras e comentários “tóxicos” para se firmarem como pro players. Hanabi já precisou usar nick masculino para se manter no jogo

Um jogo altamente estratégico e que exige concentração e trabalho em equipe. Esse é o League of Legends (LoL) modalidade que colocou no cenário nacional a goiana Gabriela Gonçalves Silvério, 21 anos, a “hanabi hyuuga”, que foi contratada para a Rensga GO após superar as quatro etapas (durante três meses) da Peneira realizada pelo time. Mesmo com o domínio feminino nos dados de público do mercado de jogos eletrônicos no Brasil e sem diferenças de performance entre homens e mulheres ainda há muito a ser superado nas arenas Brasil afora.

“hanabi” joga por influência do irmão mais velho. Em casa, ainda enfrenta resistência dos pais que ‘acham que perco tempo demais com algo não me dará futuro’, comenta. Nas arenas já precisou usar um nick masculino para evitar aborrecimentos. “Infelizmente, a comunidade do LoL tem sim muito preconceito com meninas que jogam. Já fui xingada várias vezes, em partidas, por coisas que se eu fosse homem nunca passaria. Uma forma de evitar isso foi trocando meu nick para um masculino. Usei muito tempo, mas depois não aceitei ter que fazer isso para jogar. Voltei usar o “hanabi” e se eu me deparo com algum comentário machista só muto e sigo jogando”, conta.

Se no cenário competitivo as garotas ainda são minora entre os jogadores de videogame no Brasil a história é outra. Segundo a pesquisa Game Brasil 2019, 53% dos gamers brasileiros são mulheres. “Virar pro player e poder trabalhar com algo que eu amo tanto é realmente um sonho. O Lol me escolheu! Pra ser bom nesse jogo é preciso praticar muito e isso me prendeu; sempre que melhoro e descubro algo novo quero aprender mais”, descreve “hanabi”.

“Eu fiquei muito feliz em entrar para a Rensga. Foi muito gratificante ter uma resposta positiva de algo que faço há tanto tempo e que me dediquei. Acho que todos ficaram muito surpresos de ver uma menina jogando tão bem. Eu não me importei de estar em um palco; fiz meu jogo do jeito que sei, e o resultado todo mundo viu!”, conclui.

Desempenho

Uma pesquisa realizada pelas Universidade de Berkeley e Universidade do Estado de Michigan comprovou que indivíduos masculinos e femininos não apresentam diferenças de performance em jogos eletrônicos. O estudo acompanhou cerca de 10 mil homens e mulheres nos MMOs EverQuest II e Chevalier’s Romance III, avaliando a velocidade necessária para se avançar de nível de classe.

O resultado encontrado na pesquisa, em que as jogadoras “uparam” tão rápido quanto os jogadores, não apenas provou que o estereótipo de diferença entre gêneros não só é falso, como também desencoraja que mulheres comecem a jogar, indicando que o problema é puramente sociológico.

“Os critérios (de seleção na Peneira) foram exatamente os mesmos. Foi curioso o quanto fomos questionados sobre isso, o que reforça a ideia de que os rendimentos e habilidades são diferentes entre homens e mulheres, o que não é verdade. Tanto a Gabriela, que foi aprovada, quanto a Amanda, que chegou na final, mereceram estar ali”, explica o manager da Rensga Esports, André Papel.

O gestor destaca ainda que não acredita existir características associadas ao gênero que coloque homens e mulheres em condições diferentes. “De maneira geral as mulheres acabam tendo que enfrentar situações de comportamento agressivos dentro de jogo e muitas acabam desistindo por isso. Por outro lado, as que conseguem superar esses ataques geralmente têm uma vantagem, a de conseguir se concentrar, manter o foco, mesmo em situações adversas. O que vejo são mais características ligadas a comportamento, conduta profissional, respeito”, diz.

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