Instituto Moreira Salles lança site Testemunha Ocular, dedicado ao fotojornalismo brasileiro

Incêndio na favela da Praia do Pinto, Rio de Janeiro. 11 de maio de 1969.
(crédito: Acervo Diários Associados RJ/Instituto Moreira Salles)

Mariana Tessitore

 

O site, que entra no ar no dia 2 de junho, reúne imagens produzidas por fotojornalistas de diferentes gerações e regiões do país. Inclui também textos críticos, depoimentos em vídeo e fotos históricas.

 

Com o objetivo de difundir o passado e o presente do fotojornalismo brasileiro, o Instituto Moreira Salles lança o site Testemunha Ocular. Disponível a partir de 2 de junho, o portal apresenta a produção e carreira de fotógrafos de diferentes gerações e regiões do país. Também inclui dossiês, ensaios críticos, depoimentos em vídeo, além de outros materiais que ressaltam a importância da atividade na documentação da realidade brasileira e na construção da memória nacional.

A concepção do projeto é do jornalista Flávio Pinheiro, que atuou como superintendente-executivo do IMS entre 2008 e 2020. O jornalista Mauro Ventura assina a edição do site, e o fotógrafo Leo Aversa, por sua vez, foi responsável pela edição de imagens durante a criação do projeto.

O portal tem como ponto de partida a forte presença do fotojornalismo no acervo do IMS, que reúne desde coleções autorais até o conjunto de imagens dos Diários Associados, adquirido em 2016. O portal destaca esse rico material, mas também aborda a obra de outros profissionais, além de diferentes assuntos relacionados à área. É destinado tanto a pesquisadores quanto ao público em geral, que pode navegar pelas histórias, imagens e reflexões ali reunidas.

Testemunha Ocular está dividido em seis seções. A primeira apresenta a produção e trajetória de fotojornalistas cujos acervos estão sob a guarda do IMS. Inicialmente, estarão presentes seis nomes: José MedeirosLuciano Carneiro e Henri Ballot, todos profissionais que pertenceram aos quadros da revista O CruzeiroEvandro TeixeiraCustodio Coimbra e Walter Firmo, cuja obra atualmente está em cartaz em exposição no IMS Paulista. Para cada um, há uma página no site, contendo sua biografia, uma amostra de 50 imagens e dossiês bibliográficos. Composto por mais de 100 páginas, o dossiê sobre José Medeiros, por exemplo, tem todas as matérias com fotos suas publicadas no Cruzeiro.

Já a seção seguinte traz o trabalho de 44 fotojornalistas de diversas regiões do Brasil, com idades, trajetórias e perspectivas distintas, que não integram o acervo do IMS. A seleção inclui dois grandes nomes da imprensa brasileira que faleceram neste ano: Orlando Brito, que atuou por mais de cinco décadas registrando o cotidiano do poder em Brasília, e Erno Schneider, conhecido especialmente pela popular foto de Jânio Quadros com as pernas enroscadas. No conjunto, estão tanto tanto fotojornalistas veteranos, como Reginaldo Manente, Rosa Gauditano e Hélio Campos Mello, quanto jovens em ascensão, como Gabriela Biló, Júlio César, Felipe Dana e Victor Moriyama. 

Há também profissionais de diferentes estados, incluindo o gaúcho Ricardo Chaves, as pernambucanas Hélia Scheppa e Ana Araújo, a mineira Isis Medeiros e o baiano Renan Benedito, entre outros. Todos os contemplados têm uma página no site, com a biografia e uma seleção de 20 imagens (veja a lista completa no final do release).

Outro destaque é a seção dedicada a fotos históricas provenientes do acervo dos Diários Associados e de outras coleções do IMS. Cada postagem desse núcleo trará um conjunto de imagens junto com um texto de contextualização. O site inaugura com a série de registros do incêndio que destruiu a favela da Praia do Pinto, em 1969, no bairro do Leblon, no Rio de Janeiro.

O site publica ainda comentários críticos sobre determinadas fotos produzidos por acadêmicos e escritores. O jornalista Mário Magalhães, por exemplo, comenta uma imagem feita em 1976, por Orlando Brito, que registra um tenente do Exército envergando uma braçadeira com a inscrição “Imprensa”. A historiadora Ynaê Lopes dos Santos, por sua vez, assina um texto sobre uma foto de Luiz Morier realizada em 1982, durante uma batida policial em que homens negros foram amarrados pelo pescoço.

Há também conteúdo em vídeo. Na seção Relance, profissionais contam a história de uma imagem que marcou sua carreira. O fotógrafo José Francisco Diorio, por exemplo, comenta a foto de um incêndio na favela do Buraco Quente, em São Paulo, que realizou para o jornal O Estado de S.Paulo em 2004 e lhe rendeu prêmio do World Press Photo. Já o núcleo Vida Longa traz depoimentos de fotojornalistas sobre suas carreiras, começando com o de Evandro Teixeira.

O site contará ainda com notícias sobre o fotojornalismo atual, destacando premiações e registros marcantes. Flávio Pinheiro comenta o projeto: “Testemunha Ocular cumpre o papel de ser uma memória do fotojornalismo brasileiro vindo do passado até o presente. Os 50 profissionais que mostram seus trabalhos no site foram e são perspicazes observadores da cena brasileira com toda sua diversidade social e regional, de raça e de gênero. Revelam que, apesar do avanço das imagens em movimento, as imagens fotográficas ainda produzem forte impacto e são necessárias para o entendimento da realidade.”

Serviço

Site Testemunha Ocular

Lançamento: 2 de junho

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