Método Canguru: estratégia para recuperação de bebês prematuros

Assistência humanizada estimula desenvolvimento físico e emocional do recém-nascido, além de reforçar vínculo entre mãe e filho

Foto 01 - Contato entre a mãe e bebê faz parte de estratégia voltada aos bebês prematuros conhecida como método canguru
Contato entre a mãe e bebê faz parte de estratégia voltada aos bebês prematuros conhecida como método canguru

Os nascimentos prematuros são responsáveis por quase metade das mortes de recém-nascidos no mundo. No Brasil, 11,7% do total de nascimentos acontecem antes de 37 semanas de gestação, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU). Esses pequenos necessitam de suporte para adquirir peso e condições de sobrevivência, pois são crianças incapazes de mamar e com reflexos baixos que devem ser estimuladas para a recuperação plena das capacidades vitais. Nessa situação, o Método Canguru é de extrema importância para a os prematuros porque garante uma recuperação mais rápida e eficiente ao reduzir o tempo de internação e a necessidade de intervenção em UTIs.

A assistência neonatal humanizada estimula o desenvolvimento físico e emocional do bebê, reduz o estresse, a dor e o choro do recém-nascido; estabiliza o batimento cardíaco, a oxigenação e temperatura do corpo do bebê; ao ouvir o som do coração e da voz da mãe, o bebê fica mais calmo e sereno; aumenta o vínculo mãe-filho; favorece o aleitamento materno; contribui para a redução do risco de infecção hospitalar; proporciona maior confiança dos pais nos cuidados com o bebê e contribui para a otimização dos leitos de UTI. O programa é uma das medidas que complementam o cuidado integral de bebês, assim como a Rede Cegonha – estratégia que oferece atendimento humanizado à saúde das mulheres e crianças até dois anos na rede pública com acompanhamento do pré-natal, parto e puerpério.

Juliana Gonçalves Vieira, deu à luz ao Davi prematuramente no Hospital Materno Infantil (HMI). O nascimento antecipado do filho a pegou de surpresa. “Durante uma viagem que fiz a casa de parentes, senti um forte mal estar e percebi que poderia ser algo com meu bebê. Passei por um período muito difícil depois que ele nasceu, mas recebi todos os cuidados que precisava aqui no hospital. A equipe que me atendeu foi maravilhosa”, disse, emocionada. Já no caso da dona de casa Sirlene Bento Moura, de 31 anos, a hipertensão arterial foi a causa do parto da pequena Emanuele Vitória antes do previsto. A mãe contou que teve medo de perder a filha. “Os médicos que me atenderam foram muito bons”, revelou a mãe.

Médica neonatologista do HMI e também coordenadora estadual do Método Canguru, Maria Bárbara Franco afirma que o método Canguru é a assistência humanizada ao recém-nascido de baixo peso (menos de 2,5 quilos) e consiste em estímulo ao empoderamento da família participando dos cuidados dos bebês mesmo que necessitem de longa permanência de internação hospitalar. “Assim, nós os preparamos para o cuidado a nível domiciliar, que ocorre mais precocemente quando utilizamos o método. Ele envolve o contato pele a pele no qual o bebê permanece na posição canguru com seus pais e familiares pelo tempo em que ambos acharem prazeroso e beneficia o ganho de peso, estimulando o aleitamento materno já que o leite da própria mãe é o melhor alimento para ele”, frisou a especialista. Ela afirma que apoia o método por acreditar ser a melhor estratégia de assistência – baseado em evidências científicas – aos recém-nascidos, que são extremamente vulneráveis.

Por meio do HMI, Goiás é referência em oferecer atenção especializada à mãe e ao bebê prematuro. Assim, entre as ações para reafirmar o protagonismo, o hospital promove frequentes cursos de capacitação para os profissionais que trabalham em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) Infantil e  Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal Convencional (UcinCO) com o objetivo de atualizar os conhecimentos na prática diária com o programa. Amanhã, quarta-feira (13 de julho), o HMI receberá a visita do consultor nacional do método Canguru do Ministério da Saúde, Sérgio Marba. O objetivo da vinda ao hospital é avaliar a aplicação do programa voltado ao tratamento e acompanhamento de bebês prematuros na unidade. Se constatar sistemática adequada, o HMI receberá uma placa que atestará a unidade como referência estadual no serviço. Durante a tarde, ele percorrerá a UcinCO e Ucin Canguru (UcinCA) da unidade. No dia seguinte, quinta-feira (14 de julho), a partir das 8 horas, Marba participará de roda de conversa no auditório do HMI sobre os benefícios do método canguru com a presença dos tutores do método no estado e de colaboradores do hospital. O envolvimento e sensibilização da equipe é imprescindível para a aplicação do programa e melhoria dos indicadores de qualidade assistencial.

Fluxo – Após receberem alta das UTIs ou Ucin, os bebês necessitam do atendimento no Projeto Canguru para terem condições de receber alta hospitalar definitiva. A Ucin do HMI tem função estratégica dentro da unidade para a assistência de média e alta complexidade em Neonatologia. No hospital, o trabalho é desenvolvido na UCin Canguru, onde as mães são orientadas e permanecem junto aos bebês, que recebem aquecimento direto do corpo materno e todo o suporte multiprofissional necessário para o ganho de peso, crescimento e condições de alta.

“Esse contato direto, além de ser muito confortável à criança, remete à sensação de estar novamente dentro do útero da mãe, pois ele consegue sentir os batimentos cardíacos dela, o seu calor e a movimentação da sua respiração. Isso é muito importante, pois os prematuros costumam apresentar apneia e, com isso, esquecem de respirar com a frequência necessária. Daí, naturalmente eles se recordam”, lembra Maria Bárbara.

Panorama – Atualmente, o HMI faz parte das unidades de saúde que desenvolvem o Programa – conforme portaria 1.683 do Ministério da Saúde, de 12 de julho de 2007 – ao utilizar uma abordagem terapêutica peculiar para o tratamento e acompanhamento de bebês prematuros. O Brasil conta com 175 hospitais que adotam o Método Canguru. Ao todo, há 35 centros de referência sendo 5 nacionais e 27 estaduais.

Saiba Mais – Conheça as diferenças entre Ucin Convencional (UcinCO) e Ucin Canguru (UcinCA):

A Ucin é uma unidade com tratamentos semi-intensivos e de assistência contínua à recém-nascidos de médio risco de menor complexidade, se comparado à uma UTI Neonatal. A função de quem trabalha nessa unidade é monitorar ininterruptamente as funções vitais dos recém-nascidos, procurando estabilizá-lo para que, posteriormente, possa ser encaminhado para as enfermarias. No HMI,ela é dividida em duas unidades: a convencional e a canguru.

– Ucin Convencional (UcinCO): É responsável pelos cuidados complementares aos recém-nascidos que receberam alta da UTI Neonatal, como ganho de peso, utilização de fototerapia, pós-operatório estável após cirurgia de médio porte, dentre outros;

– Ucin Canguru (UcinCA): Por meio de uma abordagem terapêutica peculiar para o tratamento e acompanhamento de bebês prematuros, é possível garantir uma recuperação mais rápida e eficiente, com redução do tempo de internação e necessidade de intervenção em unidades de terapia intensiva. Após receberem alta das UTIs ou da Ucin, os bebês necessitam do atendimento no Projeto Canguru para terem condições de receber alta hospitalar definitiva. (Bastidores da Comunicação)

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