A cineasta Monica Demes participa da mesa redonda: “Mulheres que Tocam o Terror”, durante programação da TRASH – Mostra Internacional de Cinema Fantástico. O debate acontece neste sábado (10), às 16 horas, no Cine Cultura. O objetivo do encontro é discutir a participação das mulheres nas produções do gênero terror. Além da diretora, foram convidados nomes de grande destaque na área: Simone Zuccolotto, Laura Cánepa, Mayra Alarcón e Alice Fátima Martins.
No mesmo dia, às 21 horas, Monica Demes também apresenta a produção Lilith’s Awakening (2015), premiada em vários países. O filme conta a história de uma mulher sexualmente reprimida que se sente presa a um casamento infeliz e em um emprego nada promissor. A personagem começa a sonhar com uma mulher misteriosa que vaga por um bosque e, sem perceber, acaba despertando seu lado negro.
Monica Demes: Talento brasileiro em destaque nas telonas
O interesse de Monica por cinema começou cedo, com apenas três anos de idade, quando assistia aos filmes de terror ao lado da avó. “O que mais me atrai nas produções dos gêneros de terror e fantasia é o poder que essas estórias têm de atuar no nosso inconsciente. Ao contrário dos dramas e comédias, elas trabalham com símbolos e a construção de um mundo mágico. É como entrar em um sonho”, explica.
A paixão pelo cinema só aumentou com o passar dos anos. Monica chegou a cursar Direito, mas logo percebeu que ser diretora era a sua vocação. Então se mudou para Madrid, na Espanha, para estudar cinema. Logo após abrir sua produtora Ganesha Filmes, Monica foi selecionada para o The David Lynch MFA Program, programa de mestrado em que o produtor David Lynch compartilha a sua experiência com os estudantes e orienta na produção de filmes. O diretor americano é conhecido por seus filmes surrealistas, e ganhou destaque no gênero ao desenvolver o seu próprio estilo cinematográfico, chamado de “lynchiano”. Ela se mudou para o estado de Iowa, nos Estados Unidos, onde iniciou a produção de Lilith’s Awakening e recebeu a orientação do diretor em todos os passos da produção.
“Foi incrível poder contar com a experiência de um mestre como o Lynch na elaboração da história. Além de colaborar com o roteiro, ele me ajudou a criar a narrativa do filme. Ele me deu uma nova perspectiva, muito mais livre”, conta. A diretora também relembra que Lynch a ajudou a superar um bloqueio criativo durante a produção. “Ele foi como um xamã, um gênio e um psicólogo”, elogia.
O despertar de Lilith
A produção de Lilith’s Awakening exigiu muita dedicação por parte da diretora. “Foram dois anos, trabalhando sete dias por semana. Eu pensava no filme desde o momento em que acordava até a hora de dormir. Eu tive a sorte de trabalhar ao lado do meu produtor executivo, Roberto Honczar, que me ofereceu todo o suporte psicológico para que eu tocasse o projeto”, conta.
O roteiro e a produção também amadureceram ao longo do trabalho. “Eu cheguei aos EUA sem saber ao certo o que ia acontecer, mas já sentia que seria a maior aventura da minha vida. A princípio, tinha a ideia de fazer um filme sobre espíritos, no entanto, a medida que conheci mais a cidade de Fairfield, em Iowa, mudei a visão sobre a história. É um lugar rural, puritano, solitário, com uma igreja em cada esquina, silencioso e um pouco misógino. A escuridão rodeava tudo à noite e as casas tem um estilo gótico. Acabei me dando conta de que estava no lugar ideal para gravar uma trama sobre vampiros. É uma história que está conectada a minha infância, vendo filmes de terror com a minha avó, mas, ao mesmo tempo, também discute a repressão feminina”, explica.
Com apenas cinco meses de lançamento, o filme já está colecionando prêmios ao redor do mundo. Em abril, recebeu quatro troféus durante a 25ª edição do Iowa Motion Picture Association (IMPA), incluindo a categoria de Melhor Direção de Longa-Metragem para a brasileira. A diretora também conquistou, no início de novembro, o prêmio de Melhor Direção no The Optical Theatre Festival, famoso festival italiano de cinema de terror e fantasia. No Brasil, Lilith’s Awakening faturou prêmios nas categorias de Melhor Filme e Melhor Direção durante a 3ª edição do Festival Boca do Inferno, em São Paulo.
Monica conta que ainda fica surpresa com o reconhecimento. “O filme está abrindo seu próprio caminho e eu fico muito feliz por isso. Além disso, também está abrindo caminho para mim, através dos prêmios que tenho recebido e pelas pessoas que estou conhecendo no trajeto. Eu me sinto realizada em, finalmente, conseguir retribuir ao Universo com algo que ele me deu desde criança: filmes”, finaliza. (OlhO Comunicação Marketing)