Mostra Céu Aberto leva intervenção urbana para casa das pessoas

Obra da artista Sitah (crédito: Felipe Morozini)

Mauricio Sacramento

Uma intervenção urbana em São Paulo vai sair das ruas e levar arte diretamente para o público que está quarentenado em suas casas, entre os dias 22 a 29 de abril. Intitulada Céu Aberto – O Distanciamento entre o Ser Humano e a Natureza, a mostra digital de arte contemporânea apresenta suas obras em empenas cegas de prédios da cidade e cultiva uma reflexão sobre a relação do ser humano com a natureza. A intervenção será exibida pelo Youtube da Mostra, sempre um dia após sua execução.

Simbólica, a abertura das exibições online marca o Dia Mundial do Planeta Terra, data que representa a luta em defesa do meio ambiente, e o marco da chegada dos portugueses ao Brasil, em 1500 – promovendo a reflexão sobre a importância do planeta e do desenvolvimento de uma consciência ambiental diante da devastação dos biomas, principalmente em território brasileiro, que serviu como colônia de exploração e mantém até hoje práticas extrativistas sem limites.

Obras de oito artistas nacionais serão projetadas em paredões urbanos de grande movimentação da cidade, lançando luz em um dos mais importantes debates da atualidade: o equilíbrio das relações humanas com a natureza. Entre os nomes presentes na mostra, estão Mozart Santos, VJ Suave, Roberta Carvalho, Mozart Fernandes, Sitah, Lourival Cuquinha, Catharina Suleiman e Guto Barros .

“Desde as primeiras pinturas humanas, descobertas nas cavernas de Chauvet, na França, a arte muitas vezes cumpre papéis nos rituais que nos ligam ao entorno, aos ciclos da natureza e do ambiente que nos cerca. Quais seriam nossos testemunhos nas paredes dessa caverna urbana a céu aberto que é a cidade de São Paulo? O que desenharíamos, pintaríamos, escreveríamos? O que projetaremos nas paredes dos prédios?”, questiona o artista Mozart Santos, que é também um dos idealizadores do Projetemos, coletivo de artistas que estampa mensagens em prédios de diferentes cidades do Brasil.

“A intenção desse muralismo de luz, como uma alternativa desse momento brasileiro e mundial, é aproximar o povo para esse processo de debate e pensamento crítico sobre o meio ambiente com uma exposição de arte com obras projetadas nos prédios de sp onde o tema será provocado por 8 artistas, em 8 prédios diferentes. 1 por noite.”, explica Mozart.

Este projeto é fomentado pelo edital nº40/2020 do Proac Expresso Lab promovido pelo Governo do Estado de São Paulo através da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, e do Governo Federal através da Secretaria Especial de Cultura e Ministério do Turismo. A concepção e realização é da Mexe Mexe e a produção das Ninas.

Sobre os artistas

VJ Suave é um duo de artistas audiovisuais formado por Ceci Soloaga e Ygor Marotta, residentes em São Paulo, que trabalham juntos desde 2009. Especialistas em projeção em movimento, VJ Suave trabalha animação quadro a quadro projetada na superfície urbana, misturando tecnologia com street art.Cada obra de

Cada obra de Catharina Suleiman é criada camada por camada, e conta historias sobre a natureza, sonhos, memórias e arquétipos do feminino, explorando técnicas como xilogravura, aquarela, stencil, colagem, bordado, fotografia, escultura, tipografia, e tinturaria natural, entre outras. Citado pelo Wall Street International como “provocador de pensamentos”, seu trabalho já foi exposto individual e coletivamente em vários países na Europa, América do Sul e América do Norte, e está presente em coleções como a coleção latino americana da UNESCO e a coleção permanente do museu de arte contemporânea do Peru. Desde de 2013 desenvolve instalações e artes urbanas indoor e outdoor.

Fotógrafa paulistana com ensaios publicados em revistas como Marie Claire, Vida Simples, GQ e Casa Vogue, Sitah tem como principal matéria prima para seus processos artísticos a Amazônia e seus povos originários, a floresta e os rios. Na intervenção Silêncios a artista traz para a cidade de São Paulo traços da Floresta Amazônica. As imagens da natureza se fundem ao corpo feminino indígena nos lembrando que somos um só organismo. A escolha da imagem da líder xinguana Watatakalu para representar o humano chama a atenção mais uma vez para os povos originários, que incansavelmente tentam nos acordar para o fato de que sem a Floresta não há vida.

A paraense Roberta Carvalho desenvolve trabalhos envolvendo o vídeo, a intervenção urbana, a video-projeção, realidades mistas, instalação, audiovisual e projetos interativos. Idealizadora do Festival Amazônia Mapping e co-idealizadora do festival MANA, com obras em acervos como Museu de Arte do Rio (MAR), entre outros, foi vencedora do Prêmio FUNARTE Mulheres nas Artes Visuais.

Mozart Santos trabalha com tecnologias para a produção de narrativas audiovisuais urbanas e móveis, unindo fotografia, vídeo mapping, visualização de dados e pesquisas de software arte-cinema-expandido para contar histórias em projeções monumentais, instalações interativas e com suportes novos e diferentes do habitual. Cria obras e exposições de características multitecnologias. É idealizador e motorista da Eletrobike, bicicleta com suporte audiovisual de vídeo volante, com baterias, para ativações em movimento. Co-criador do @projetemos, vem criando projetos multimídia focados em 3 potencias: trabalhos coletivos; com execução em locais fora de eixo dos grandes centros comerciais e artísticos; e que ocupem áreas de uso público.

Artista e designer com carreira reconhecida internacionalmente há mais de 20 anos Mozart Fernandes mostra um dos recortes de sua obra para a cidade de SP, com pinturas que estão coladas em mais de 20 países e que tem os gêneros como tema recorrente, assim como os traços fortes traduzindo a relação que estabelece com o meio, quase sempre ambígua e desafiadora.

O trabalho de Lourival Cuquinha atinge o campo político, geralmente partindo de impressões estritas e pessoais. Caracterizadas pela interatividade e pelo diálogo com o público e com o meio urbano, suas obras transitam entre artes visuais, plásticas, audiovisual [fotografia, cinema e vídeo] e intervenção urbana, constantemente refletindo sobre a liberdade do indivíduo e o controle que a sociedade e a cultura exercem sobre este; assim como sobre a liberdade da arte, e o controle exercido sobre ela pelas instituições.

Artista contemporâneo e professor de História e Teoria da Arte. Guto Barros desenvolve trabalhos e intervenções nas ruas desde 2004. Seus trabalhos circulam em torno de reflexões sobre contatos, trocas, conexões, disputas entre os códigos do campo da arte e a dimensão da vida cotidiana, estabelecendo uma relação com a rua e seus espaços como local para trânsitos sensíveis. É neste conjunto de espaços que Guto se permite ser afetado pelos sons, texturas, planos, cores e relações – formais, sensíveis, sociais.

SERVIÇO
Céu Aberto, o distanciamento entre o ser humano e a natureza
Transmissão: https://www.youtube.com/c/CÉUABERTO
https://www.instagram.com/brigadaceuaberto
Classificação: livre

PROGRAMAÇÃO – Exibições

Quinta-feira, 22 de abril | Mozart Santos
Sexta-feira, 23 de abril | VJ Suave
Sábado, 24 de abril | Roberta Carvalho
Domingo, 25 de abril | Mozart Fernandes
Segunda-feira, 26 de abril | Sitah
Terça-feira, 27 de abril | Lourival Cuquinha
Quarta-feira, 28 de abril | Catharina Suleiman
Quinta-feira, 29 de abril | Guto Barros

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