Pequenas Pedras Polidas – Azulejaria no Acervo Sesc e em outras coleções

Pool de Comunicação / Carlos Prado

Exposição no Sesc Santo André investiga a utilização do azulejo na produção artística brasileira, evocando a diversidade de linguagens entre autores modernos como Athos Bulcão, Alfredo Volpi, Flavio de Carvalho e contemporâneos como Regina Silveira, Sandra Cinto e Rosana Paulino

Uma extensa pesquisa sobre a produção da azulejaria, material visto tanto na arte quanto na arquitetura, como um “saber fazer” tradicional do Brasil, resultou em Pequenas Pedras Polidas, que o Sesc Santo André inaugura no próximo dia 15 de junho, quarta-feira. A exposição, a partir do Acervo Sesc de Arte, estabelece diálogos com trabalhos de artistas presentes em outras coleções.

Com cerca de 50 obras, 28 pertencentes à coleção Sesc de Arte, a exposição, com curadoria de Yuri Quevedo, apresenta artistas identificados com o modernismo e nomes contemporâneos, que refletem principalmente o acervo da casa. Na mostra, os grandes painéis em azulejaria são representados em fotos, enquanto serigrafias, desenhos e estudos indicam modelos para aplicação em grandes superfícies. Há ainda trabalhos em que os artistas utilizam o azulejo como tela; e outros, nas composições de suas pinturas, fotografias e técnicas de impressão. 

Os dez painéis instalados nas unidades do Sesc, ilustrados na mostra com fotografias de Everton Ballardin, tem autoria dos artistas: Vicente de Mello (24 de Maio), Coletivo Muda (Birigui, 2017), Sandra Cinto (Santo André, 2011), Hudinilson Jr. (Pompeia, 2004), Sergio Niculitcheff (3 obras, Pinheiros, 2004), Regina Silveira (Santo André, 2002), Takashi Fukushima (Santo André, 2002) e Antonio Paim Vieira (Bertioga, 1948).   

Segundo o curador, trata-se de uma coleção que investiga a técnica, e as possibilidades que ela traz para uma relação com outras linguagens – em especial, as questões que ela coloca para o desenho. “O grid modular oferecido pelos azulejos, organiza, amplia e distorce desenhos – constituindo-se num ambiente virtual onde as ideias se expandem ganhando paredes, atestando fenômenos, construindo paisagens, questionando usos e distorcendo convenções”, afirma.

Em uma exposição que observa a arte da azulejaria não poderia faltar Athos Bulcão, adverte o curador. Do artista, o acervo Sesc de Arte guarda as serigrafias que criaram os icônicos painéis: Igrejinha de Nossa Senhora de Fátima em Brasília (1957), realizado a pedido da primeira dama Sara Kubistchek; Congresso Nacional (1971); Instituto Rio Branco (1998); e Instituto de Artes da Universidade de Brasília (2000). Além das serigrafias, a exposição traz fotos dos painéis instalados.   

Em Pequenas Pedras Polidas encontram-se outras preciosidades, como as serigrafias, desenhos e estudos feitos por Rubens Gerchman para os azulejos da piscina, vestiários e comedoria do Sesc Pompeia (1977-1984), durante a obra de Lina Bo Bardi, autora do projeto arquitetônico da unidade.

Já entre os artistas que trabalham sobre o azulejo diretamente, destacam-se as obras de Alfredo Volpi, Flavio de Carvalho, Roberto Burle Marx, Lothar Charoux, Sidney Amaral e Cristina Pape, enquanto Rosana Paulino, Ding Musa, Alex Valauri, Eduardo Coimbra e Flavio Damm integram a imagem do objeto em suas produções. Por sua vez, Tiago Gualberto apresenta a única obra comissionada especialmente para a mostra, a intervenção Céu Espelhado (tinta sobre adesivo plástico).

“O azulejo muitas vezes foi usado como fundamento e recurso de projetos modernos com objetivos diversos. Mais recentemente, a técnica também tem sido pensada como marca e forma da colonização, maneira que indica um passado de imposição e violência e que pode ser evocado com o objetivo de denunciá-lo ou subvertê-lo”, completa o curador.

SOBRE O ACERVO SESC DE ARTE

O Acervo Sesc de Arte representa um patrimônio cultural da instituição e se constitui como suporte para o trabalho de ação cultural e educativa da linguagem de artes visuais. Suas mais de duas mil e seiscentas obras encontram-se distribuídas nas unidades da capital, litoral e interior do Estado de São Paulo. Preservar e difundir essa coleção corresponde a um de seus múltiplos compromissos com a democratização do acesso à cultura. Esse processo se concretiza pelo estímulo à sensibilidade e à aprendizagem do olhar por meio do contato direto entre público e obra de arte.

Observa-se no Acervo Sesc de Arte sua existência diversa relacionada a estilos, técnicas e sua constante expansão. Propondo uma experiência de troca, um encontro entre espectador e obra, despertando sensações, curiosidade e envolvimento. Distinguindo-se por sua vocação educativa, o Acervo dialoga com o público, oferecendo interações obra-espaço, incorporando a arquitetura e os recortes curatoriais das atividades programáticas do Sesc.

As obras ficam expostas de forma permanente nas unidades do regional, por vezes em espaços não convencionais como piscinas, comedorias e ginásios. Podem integrar recortes de exposições temporárias, estabelecendo relações com outras obras e fazendo parte de discussões específicas em cada projeto.

Serviço Exposição

Pequenas Pedras Polidas – Azulejaria no Acervo Sesc e em outras coleções

De 15 de junho de 2022 a 15 de janeiro de 2023. Espaço Galeria da Unidade
Terça a sexta, 10h as 22h
Sábados, domingos e feriados, 10h as 19h

Para ingressar nas unidades do Sesc no estado de São Paulo recomendamos o uso de máscara cobrindo nariz e boca. Nos espaços de atendimento médico e odontológico o uso é obrigatório.    

Sesc Santo André – Rua Tamarutaca, 302 – Vila Guiomar – Santo André     

Informações: (11)4469-1200 

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