
Participou da equipe de elaboração do currículo de língua portuguesa da Secretaria de Estado da Educação de Goiás, bem como da elaboração de material didático pedagógico distribuído à rede.
Ama viajar, ler, ouvir música e estar com seus animais de estimação e companheiros fieis.
Outro dia fui injustamente “acusada” de ser saudosista, de viver presa ao passado, blasfêmia! Sinto saudades, é verdade do meu tempo de criança, das brincadeiras na rua com os amigos, dos natais, de quando ainda acreditava em Papai Noel e junto com meus irmãos teimava em ficar acordada para vê-lo colocar os presentes ao lado de nossas camas; o que jamais conseguíamos, antes das dez estávamos tombados no sofá e éramos carregados para cama. Como não sentir saudades de uma época tão feliz e de tantas e tão boas recordações?
O que de modo algum significa que eu seja uma pessoa que se prende ao passado. Algo que jamais me verão fazer será comparar os tempos em que era criança e os tempos de agora, dizendo o que meninas e meninos de hoje estão perdendo por não poderem fazer isso ou aquilo, ou que as pessoas naquele tempo podiam se sentar em frente as casas e conversar enquanto hoje ficam trancadas dentro de casa e coisa e tal. Alguém saiu perdendo? Não sei, creio que não, são outros tempos, outros costumes; aquilo que deixamos de fazer foi substituído por alguma outra coisa, ocupando da mesma forma nosso tempo.
O fato é que de modo algum eu trocaria o agora pelo ontem, por mais feliz que tenha sido. O relógio não anda para trás, então, como costumo dizer, “Inês é morta.” Ficar tecendo comparações não nos leva a lugar algum, querer glamorizar um tempo que já não pode ser vivido, tão pouco. Sim, digo glamorizar, porque parece ser o que muitos fazem, tentando mostrar como “naquele tempo” tudo era melhor, como havia mais respeito entre pais e filhos, como a educação era melhor e as pessoas mais decentes e confiáveis.
Mas então, se tudo era mesmo assim? Fico pensando, quem mudou? Que bruxo malvado apareceu com sua varinha e transformou o mundo e a sociedade nesse “caos” que faz com que muitos tanto anseiem pela volta aos velho e bons tempos? Pensando bem, não houve bruxo, não houve varinha, fomos nós que ao longo dos anos, enquanto crescemos e tomamos o lugar de nossos pais na sociedade, decidimos que o jeito como eles viviam e como faziam as coisas não nos servia mais, e resolvemos que daríamos um novo rumo aos nossos filhos, que eles não passariam pelo mesmo que nós. Como assim? Não havia sido tão bom?
Nós decidimos, nós mudamos e criamos essa sociedade que está aí. Ela não nos agrada? Mas é o nosso reflexo. E não adianta querer voltar atrás, não adianta se encher de saudosismo e enviar textos pelo WhatsApp falando de como era maravilhoso antigamente. Precisamos encarar o presente de frente, de olhos e peito abertos. Admitir nossos erros e corrigi-los, enquanto ainda podemos, enquanto ainda temos como. Ou vamos ter que conviver com o mundo caótico que alguns anteveem virá pela frente.
Será? Prefiro pensar que a nova geração fará melhor que nós, ao menos fará diferente, olhando pra frente, como tem que ser.