As emoções da etapa regional da Olimpíada Brasileira de Robótica tomaram conta do ginásio de esportes da USP, em São Carlos, no último final de semana
Cada um desses 149 robôs carrega o sonho de uma equipe. Em seus fios e circuitos estão as digitais dos estudantes que passaram meses ali mexendo para que tudo o que programaram e vislumbraram pudesse ser concretizado no momento em que ele surgisse na pista. Ao chegarem aqui na etapa regional da Olimpíada Brasileira de Robótica, no ginásio de esportes da USP, em São Carlos, esses robôs ganham uma força adicional para enfrentar os desafios: a torcida animada das escolas que representam e dos pais que vieram apoiar seus filhos.
“Não é nenhum sacrifício. A gente curte muito, é um ambiente muito saudável e vale muito a pena”, revela Cristiana Israel, que já é veterana na OBR. É a segunda vez que ela acompanha o filho, Rafael Simões, no evento. No ano passado, ele chegou a competir na final nacional, em Uberlândia. Rafael sempre foi um garoto muito curioso, mas desde que começou a trabalhar com os robôs, há um ano e cinco meses, seu foco está na inovação. “Em tudo o que vai fazer, mesmo um trabalho simples do Colégio Etapa, onde estuda, ele tenta levantar muita informação e encontrar uma forma diferente de fazer aquilo”, conta o pai, Marcus Israel. Nas mãos do garoto, garrafas pet ganham motores e se transformam em carrinhos. O tempo das últimas férias foi dedicado à construção de um carro anfíbio. O resultado não poderia ser diferente: sua equipe, BatBots, conquistou a quarta colocação entre quem competiu no nível 1 no dia 12 e também garantiu uma vaga na etapa estadual.
Os dois alunos fazem parte do clube de robótica criado este ano por iniciativa dos próprios estudantes. Com um kit emprestado pela empresa PETE, a colaboração dos professores Gustavo de Souza, de Física, e Marcelo Prado, de Matemática, e a ajuda do pai de Caio, que trabalha na PETE, o clube superou as expectativas. “Nós apoiamos a iniciativa, fornecendo uma sala e os notebooks. Com esse apoio, eles se sentiram mais responsáveis e motivados. Surgiu um protagonismo juvenil que, antes, eles não tinham”, constata Oliveira.
“Tenho certeza de que quem participa dessa Olimpíada, tem um grande ganho de aprendizado. Não sai daqui da mesma forma como entrou, há um amadurecimento e isso é de grande valor. É algo que, com certeza, vai impactar nas carreiras que esses estudantes vão seguir no futuro”, destaca a coordenadora da etapa regional da OBR em São Carlos, Roseli Romero, professora do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP.
Em São Carlos, das 184 equipes inscritas para participar da etapa regional, 149 compareceram ao evento e 12 conquistaram medalhas (ouro, prata e bronze) nos dois níveis que compõem a OBR: o nível 1, voltado aos alunos do ensino fundamental, e o nível 2; destinado a quem está no ensino médio e técnico (confira o nome dos vencedores no final desta reportagem).
“A competição ficou mais difícil este ano, está de nível internacional, tal como nos demais países que participam da Robocup. Mas as equipes estão correndo atrás e conseguindo fazer pontuações altas”, ressalta Rafael Aroca, professor do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de São Carlos e vice-coordenador nacional da OBR. O professor explica que a principal novidade da competição regional foi a inserção de marcadores no trajeto dos robôs. A mudança foi realizada para alinhar a OBR com a regra internacional da Robocup. Os marcadores são discos da cor laranja colocados pelos competidores em dois locais na pista da competição e, conforme os robôs passam por eles, ganham pontos. Caso ocorra algum erro e eles precisem recomeçar o trajeto, é preciso voltar ao local onde está o último marcador. “Isso obriga as equipes a desenvolverem diferentes estratégias, conforme o local em que o marcador é inserido”, completa Aroca.