XV Galhofada – Pequena Mostra Internacional de Arte de Rua

Mais uma vez, o público de Goiânia poderá desfrutar de 3 dias de muita arte, gracejos e zombaria, nas ruas do Setor Pedro Ludovico.

(crédito: Noêmia Elisa)

Entre os dias 25 e 27 de maio de 2018 acontece, na Ilha da Galhofa (Al. Henrique Silva, St. Pedro Ludovico), a 15ª edição daGalhofada – Pequena Mostra Internacional de Artes Cênicas de Rua. Durante três dias, uma programação cultural construída coletivamente desfila pelas ruas de um dos setores mais antigos da capital. A mobilização do trabalho voluntário de diversos produtores, técnicos, artistas, estabelecimentos comerciais e moradores da região, entre outros diversos profissionais que auxiliam na ação, fazem desse evento um dos maiores exemplos sobre como a arte e a cultura são necessárias para a saúde, o orgulho e a riqueza de toda a sociedade. Nos seus 15 anos, a Galhofada conta também com a parceria de grupos de outros lugares do país e da América Latina, além dos artistas de nosso estado. 

Galhofada – Uma debutante muito experiente

Durante a Galhofada, o público de Goiânia sempre tem novas oportunidades de conhecer ou rever, gratuitamente, o trabalho de importantes artistas cênicos e musicais. Mas esta edição é um tanto especial, por ser um marco de resistência e coragem daqueles que lutam pela valorização da arte e da cultura, e que as querem acessíveis a todos as pessoas, independente de qualquer condição social.

Democratizar é a palavra de ordem entre os fazedores deste encontro, e até aqui, a fórmula parece ter funcionado, já que nas últimas 14 (quatorze) edições, a Galhofada atingiu um público de mais de 50.000 (cinquenta mil) expectadores, além de ter reunido mais de 300 (trezentos) artistas, produtores e colaboradores neste grande palco que é a rua.

Sobre esses 15 anos de Galhofada, Marcos Lotufo coordenador geral do festival e responsável pela Oficina Cultural Geppetto, comenta: “A solidariedade, o compromisso, o profissionalismo, a competência, a fibra, o carinho e a disposição de toda uma população, de fazedores e consumidores de cultura, prontos para trocar de papel a qualquer instante, pode ser medida nestas 15 Galhofadas. São essas ideias que surgem num final de tarde, depois de inúmeras reuniões, por pessoas decididas a resistir aos desmandos de nossos dirigentes e à malversação dos recursos públicos destinados à cultura, com o único objetivo de transformar a arte nesta prática sadia, educativa e cidadã. A primeira aconteceu em 2004 e foi uma Pequena Mostra de Teatro na Rua. Não tinha número. Não foi a Primeira, porque foi feita para ser a única. Não deu. A experiência foi tão rica, tão gostosa, que não pudemos resistir. Venho a segunda, a Terceira e agora a 15ª .Para explicar o que é, não tem jeito… só mesmo participando….

A Galhofada é uma Pequena Mostra de artes de rua, criada e organizada por artistas e produtores culturais de Goiânia e cidades vizinhas. Um trabalho sem fins lucrativos, que une a arte ao fazer social. O nome Galhofada quer dizer grande galhofa. Galhofar é gracejar, divertir-se ruidosamente. Galhofeiros são pessoas brincalhonas, zombeteiras.

A primeira edição do evento foi pensada por um coletivo de artistas e aconteceu em 2004. A conjuntura foi propícia e desembocou num trabalho que se tornou significativo de cidadania cultural na região do Setor Pedro Ludovico, junto a uma população sedenta por novas possibilidades de lazer e bem-estar social para suas famílias. Nesta condição, decidiu-se que Galhofar era preciso. Foram 2 dias de evento, destinados exclusivamente à apresentação de espetáculos teatrais de rua.

O evento tinha o expresso objetivo de levar para a população do Setor Pedro Ludovico um trabalho que, para aquelas pessoas, era praticamente desconhecido principalmente pela falta de poder aquisitivo. O sucesso da primeira edição fez com que grupos e artistas voltassem a se organizar para uma nova investida. A Segunda Galhofada aconteceu já em 2005 e desta vez contou com a ajuda da comunidade local. Sua programação foi ampliada para três dias e, além dos espetáculos, o público pôde participar de jogos e pequenas oficinas.

Através do processo de avaliação do evento os organizadores constataram que não só haviam atingido a meta estipulada durante a primeira edição, como haviam superado todas as expectativas do grupo. Em 2006 foi a própria comunidade do bairro que buscou a Oficina Cultural Geppetto para que a Mostra tivesse prosseguimento. Com isto as aulas foram intensificadas e formou-se um elo entre a Galhofada e os moradores do bairro.

Em 2007 o evento tornou-se uma tradição. “O que recebemos em troca deste trabalho é a certeza de que estamos cumprindo um papel importante em nossa sociedade, levando arte e cultura para toda a cidade e, com isso, alavancamos o nosso trabalho, formando público e contribuindo para que estas pessoas reconheçam o artista como um profissional… sem falar que estamos formando uma parceria muito importante com outros grupos, artistas e produtores que também são voluntários.” Disse, na ocasião, o ator e diretor Hélio Fróes, da Cia de Teatro Nu Escuro.

Deste ano em diante, a chama manteve-se acesa para aqueles que iniciaram o movimento, tanto quanto nasceu dentro de outros personagens que foram surgindo, se agregando e transformando o evento em um grande mutirão.

VAKINHA

A 1ª Galhofada aconteceu da necessidade sentida por grupos do fazer teatral de Goiânia de se apresentar a um público que não tem acesso às casas de cultura nem como atores e nem como público. As Galhofadas que se seguiram foram realizadas pelos amantes das artes cênicas, mas com participação cada vez maior da população local, de diversas formas (oferecendo almoço, discutindo a programação, montando e desmontando cenários, divulgando etc.). Em nenhuma delas houve participação financeira do poder público. Cada participante arca com suas próprias despesas e os pequenos gastos são rateados entre os organizadores.

A Galhofada tem acontecido, conforme já relatado, todos os anos se tornando um grande encontro entre artistas, entre artistas e comunidade, entre população periférica e central, rompendo preconceitos e democratizando o fazer artístico de forma orgânica, alegre, descontraída e com qualidade.

A falta de recursos tem sido um mote para comprovação da força do movimento artístico e, nas reflexões, tem ficado claro que esta é uma das características que não queremos perder.

A distribuição de cachês e remunerações diversas aos participantes poderia gerar interesses escusos e forçaria a organização à escolha de trabalhos a serem apresentados acarretando a necessidade de inscrição prévia, comissões de seleção, organização burocratizada etc. etc.. Tudo isso geraria custo elevado e a falta de apoio permanente acarretaria o fim da mostra.

Desde o ano passado com a possibilidade de alcançar novos apoiadores que acreditam no fazer social, no fazer você mesmo, na importância do contato com a cultura, com a arte, com o outro, foi criado um projeto de captação pelo site Vakinha Virtual.

O objetivo é pagar as pequenas despesas que surgem durante a construção do festival, como alimentação, transporte, material de luz, som e palco, arquibancadas, entre outros itens. Tendo em vista que a Galhofada é toda realizada a partir de parcerias, sem financiamentos específicos de lei de incentivo ou de grandes empresas, sendo dinamizado por pequenas doações, rifas e a solidariedade dos moradores do Setor Pedro Ludovico, sentiu-se a necessidade de se buscar alternativas que alcançassem mais pessoas.

A Vakinha foi então criada para ampliar as possibilidades do festival e garantir o básico para todos os artistas e produtores que trabalham de forma voluntária.

Para quem quiser colaborar, o site para doações é: http://bit.ly/galhofada

OFICINAS

A Galhofada, desde sua primeira edição, também se preocupou em garantir algum tipo de contato mais formativo entre o público e as diversas manifestações artísticas que subiam ao palco. Por isso mesmo, foi criada uma programação de oficinas abertas a todas as pessoas interessadas. Em 2018 a prática se repete.

Estão abertas as inscrições para as diversas oficinas ofertadas neste ano. Entre elas: Malabares, com o Circo Lahetô; Pirofagia; Teatro Prático, com o Instituto Hélio e Maria Auxiliadora; Escultura com balão tripa;  Da voz falada e cantada, com a mexicana Patrícia Ordaz; Pintura de “Gelateraturas”, com Radarani Oliveira; Brincadeiras Tradicionais de Rua, com a Radarani Oliveira; Jogos, Música e Percussão Corporal;  com Griff Roney; Teatro de formas animadas, com Marcos Marrom;  AfroAfetos, com Grupo de Ativismo Goiânia – Anistia Internacional; Confecção de brinquedos para gatos, com LAFEL; Confecção de brinquedos, com o Seu Divino.

As oficinas acontecem no sábado, 26, das 9h às 12 horas. Para participar das aulas, basta se inscrever no próprio dia e local, ou pelo telefone: 3241 18 47(Geppetto)

PROGRAMAÇÃO

Além das oficinas, a Galhofada toma forma com apresentações de teatro, dança, música e circo, além das feirinhas culturais de troca e atividades comunitárias de recepção ao público, como o Cortejo. Tudo gratuito e ao ar livre. (Ana Paula Mota)

SERVIÇO:

15ª Galhofada – Pequena Mostra Internacional de Arte de Rua

Onde: Ilha da Galhofa (Alameda Henrique Silva, Setor Pedro Ludovico)

Datas e horários

Sexta – das 17 às 21h

Sábado – das 08 às 21h

Domingo – das 10:30 às 21h

Entrada Franca

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