XX Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros anuncia edição virtual

Tatiana Dias

Tambor de Crioula do Seu Teodoro. (divulgação)

Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros, o maior evento do gênero no Paíscompleta duas décadas de celebração da música, das artes e das tradições populares de todos os cantos do Brasil profundo. A Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge, instituição realizadora do Encontro, prepara uma edição virtual esse ano, por conta da pandemia do Covid-19. Com edição focada nos números musicais, o evento online, que acontece entre os dias 25 de julho e 1º de agosto, traz programação aberta e gratuita, com shows, oficinas, rodas de conversa, música, imagens da região, além de uma retrospectiva dos 20 anos.

A importância do evento para o resgate e o fortalecimento da identidade cultural brasileira é do tamanho do País. Agraciado com muitos prêmios e reconhecido, em 2006, pelo Ministério da Cultura (MinC), como uma das 10 melhores inciativas em prol das Culturas, o evento nasce com o objetivo de promover ações que valorizam a música, a arte e as diversas manifestações tradicionais Brasil afora – As transmitidas pelos mestres, povos originários e pelas novas gerações de artistas e músicos.

Todo ano, durante 15 dias do mês de julho, sobem as cortinas e um lugar encantador, cercado de natureza, ao pé do Parque Nacional da Chapada, na Vila de São Jorge, se desvela em meio ao cerrado goiano, no coração do País, e vira cenário de mestres e artistas que levam suas músicas, danças e artes para cerca de 30 mil visitantes. Nesse ano, na Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge, em Alto Paraíso, Goiás, dois apresentadores chamarão as atrações, que serão transmitidas pelo canal do evento no YouTube. Serão oito dias de muita música popular e tradicional produzida em diversas regiões do País. É esperado que a edição virtual atraia um público ainda maior.

Artistas da música de renome nacional e internacional compõem a programação junto às comunidades tradicionais. Músicos como Naná Vasconcelos, Hermeto Pascoal, Lenine e Lia de Itamaracá já fizeram parte da programação. O evento também recebe espetáculos que unem música, arte, fé e traduzem a essência de povos indígenas, mestres, brincantes, violeiros, artistas e representantes de diferentes tradições da cultura brasileira.

Juliano Basso, presidente da Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge, acredita na arte e na cultura como essenciais ao enfrentamento do contexto atual de crise. A organização promove a multiplicação de ações que incentivam o desenvolvimento de trabalhos artísticos e dos profissionais da cultura no País, principalmente no fortalecimento das culturas tradicionais. Tem como missão “promover encontros multiculturais que estimulem a troca de saberes e fazeres”.

“O Encontro reúne e levanta bandeiras fortes, como a diversidade, a agenda ecológica e a preservação das culturas tradicionais e populares, cujas artes e manifestações são patrimônios imateriais do País”, afirma Basso. O organizador do evento acredita que essas características dizem respeito à nossa identidade, história e originalidade, e que, se bem valorizadas, podem beneficiar nossos povos e o entendimento sobre o que é o Brasil e o povo brasileiro.

“Por meio do evento, promovemos a conscientização da identidade cultural brasileira. O que, por sua vez, levará ao reconhecimento do valor estético indiscutível dessas manifestações e à sua assunção como arte contemporânea e atemporal”, conclui Basso.

Diversas pautas que tocam em temas urgentes do Brasil, e que têm se tornado problemas graves nos últimos quatro anos, se entremeiam à filosofia do Encontro. O idealizador do evento chama a atenção para o Cerrado, bioma da região centro-oeste, onde ocorre o evento, alvo de exploração e desmatamento. Segundo Basso, o Cerrado tem a mesma importância que a Amazônia para o Brasil, mas é esquecido nas discussões sobre o meio ambiente.

PÚBLICO DO ENCONTRO DE CULTURAS

Com público amplo, vindo de todas as partes do Brasil e do mundo, e formado por pessoas de todas as idades e classes sociais, o evento viabiliza a reunião das culturas populares em momentos espontâneos, charmosos, únicos, e que marcam a experiência de quem assiste. Para a edição virtual, o Encontro espera atingir também novos públicos.

Juliano Basso enxerga nos jovens um público em potencial. Eles já representam uma parcela dos participantes, tanto como artistas quanto como espectadores, e são essenciais para a permanência dessas manifestações do Encontro .

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